Tradicional Folia de Folia de Reis ocupa ruas de Muqui com alegria e colorido
Neste sábado (26), música, cores e muita alegria ocuparam cada canto da pequena grande cidade de Muqui. A cidade, situada no Sul do Espírito Santo, sediou o 65º Encontro Nacional de Folia de Reis de Muqui, o mais antigo e maior de todo o Brasil. Este ano, o evento reuniu cerca de 60 folias do Espírito Santo e Rio de Janeiro, que começaram a encher a cidade a partir das 07 horas.
Após a chegada e apresentação oficial de cada folia, ainda pela manhã, foi aberto oficialmente o encontro. "Nossa prioridade neste Governo é fortalecer os laços com a cultura. Participar deste grande encontro que acontece há tantos anos é uma alegria muito grande e se depender da Secretaria de Estado da Cultura e do Governo do Estado, uniremos forças para que ele aconteça por muitos outros anos”, disse o secretário de Estado da Cultura (SECULT), João Gualberto Vasconcelos.
Para o presidente da Comissão Espírito-Santense do Folclore, Guilherme Manhães, é muito importante que o encontro seja realizado em Muqui, cidade que busca manter seu patrimônio histórico e cultural. "Esse é um dos principais eventos do folclore capixaba. É um encontro para promover trocas e para manter viva a tradição. A folia é um patrimônio ancorado no coração dos foliões. É importante que se mantenha essa tradição, isto é, que essa festa continue a acontecer. E isso só vai ser preservado se for passado para as novas gerações", diz.
Tradição
“A Folia de Reis para mim é uma seita religiosa do catolicismo. É sinônimo de anunciação, renascimento, batismo e padecimento. Tenho o maior orgulho do que faço”. No auge de seus 77 anos, o mestre da Folia Estrela Paz do Oriente, Luiz Augusto Pruculli completa: “se Deus me abençoar com saúde, o folclore de Folia de Reis não acaba nunca!”.
O palhaço no papel feminino
“Brinco desde os nove anos de idade e tenho cerca de que vinte e dois anos de farda, no grupo de Folia Estrela do Luar, de Atílio Vivácqua. Tenho muito orgulho de representar a figura do palhaço sendo mulher”. Poucas mulheres assumem o papel de palhaço na tradição de Folia. “Amo o que faço e somos tratadas da mesma forma que os homens”, completa Viviane Gratival. (esquerda)
“Estou completando sete anos que uso a farda de palhaço e tem treze anos que brinco na Folia, no Grupo Pena de Ouro, de Mimoso do Sul. Muitas pessoas ficam admiradas quando descobrem que por trás da máscara de palhaço se esconde uma figura feminina, mas eu sempre digo que é normal, não existe diferença entre os homens e nós, mulheres”, afirma Jorgelina da Silva. (direita)
Ao final do cortejo pelas ruas da cidade, desfilando e se apresentando em fila, alguns palhaços acompanharam suas folias até a porta da igreja, fizeram reverência e voltaram, deixando sua folia entrar no local enquanto tocam seus instrumentos e entoa os cânticos. Nisso, há unanimidade: nenhum palhaço pode entrar na igreja enquanto estiver com a vestimenta e a máscara.
Os instrumentos mais comuns nas folias são sanfona, violão, bumbo e caixa ou uma formação mais básica constituída somente por violão, sanfona, pandeiro e voz. Mas, no encontro é possível encontrar foliões tocando triângulo e até mesmo um saxofone. Depois da bênção na igreja, a música e os cânticos, como de costume, tomaram conta de toda a cidade. Por onde se passa, se encontra uma folia se apresentando. E assim fica a cidade por todo o dia, colorida e musicada. Até que, ao entardecer, as folias começam a retornar para suas cidades de origem. Até o próximo encontro, é a mensagem dos grupos.