O município de Santa Leopoldina é palco da terceira itinerância do projeto "Baustelle", contemplado pelo edital de produção de mostra de artes visuais itinerantes (010/2011), realizado pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura). As atividades começaram no último domingo (23) e seguem até o dia 30 de outubro.

Lançado no mês de setembro, em Domingos Martins, "Baustelle" vem com a proposta de trabalhar as referências e a identidade da cultura alemã na ótica de cinco artistas de descendência germânica, e moradores de municípios capixabas de colonização alemã. As atividades irão priorizar uma construção coletiva, que se traduzirá numa intervenção artística realizada nas cidades visitadas.

Cinco municípios foram escolhidos para participar da itinerância: Domingos Martins, Pancas, Santa Leopoldina, Santa Maria de Jetibá e Vila Pavão. Além de preservarem muito da cultura alemã, tais cidades se encontram fora do eixo cultural da Grande Vitória, proporcionando assim o desenvolvimento de projetos artísticos em novos lugares.

Os artistas partirão de suas memórias e referências da cultura alemã, e no período de uma semana, construirão uma obra em conjunto com os moradores, propiciando um novo olhar sobre a identidade alemã em cada município e os reflexos desta identidade na vida da cidade. O processo será registrado por um artista videomaker, e os resultados serão apresentados à população na praça principal da cidade, por meio de uma projeção audiovisual.

A seleção dos artistas se deu após levantamento realizado pela curadoria, de artistas residentes no Estado com descendência alemã, e que possuiam em suas produções uma linguagem contemporânea. Os artistas escolhidos foram Julio Schmidt, Tatiana Sobreira, Monica Nitz, Gabriel Borém e Piatan Lube.

Terceira itinerância

Com um trabalho intitulado "Operação Brote", a artista Monica Nitz, escolhida para esta edição em Santa Leopoldina, realizará uma pesquisa afetiva partindo de uma receita tradicional da culinária germânica, o brote, e que também é uma lembrança familiar da artista, pois sua avó Dona Cecília Nitz sempre fazia o pão.

O convite feito à Monica para participar do projeto ocorreu próximo ao período de falecimento da sua avó, o que a fez notar o quanto o mundo pessoal de cada um de nós perde quando não temos os familiares mais próximos para reviver as histórias e memórias do nosso passado familiar. A artista percebeu também, que não havia aprendido a fazer o pão que cresceu comendo, o brote, e que esta receita da Dona Cecília pode ter se perdido junto com sua partida desta vida.

Neste trabalho, Monica se propõe a buscar um pouco da sua história, dos costumes e tradições de sua origem germânica e das lembranças de sua avó. Pretende por uma semana, investigar e ir à busca não só das formas de se fazer um brote, mas de histórias de famílias, de fragmentos de suas heranças, de pistas possíveis sobre a sua família na cidade de residência e, por fim, de demarcações de eixos nesses lugares, edificando assim parte do seu afeto pelas trocas e amizades descobertas através do seu traço.

O brote surgiu no Espírito Santo quando os pomeranos imigraram para algumas regiões do estado e não conseguiram produzir o trigo, principal ingrediente do seu pão, por conta de um clima quente e tropical. Assim, tiveram que substituí-lo pelo milho, e dessa adaptação surgiu o mihabrout, ou simplesmente brote, um pão de milho que surgiu em 1857 e que vai se readaptando e acrescentando ingredientes como a banana, inhame, etc.

O resultado final das atividades será apresentado através de um vídeo-processo, no sábado (29), às 20 horas, na Praça da Independência, que fica localizada no Centro do município. Outras informações sobre o projeto podem ser encontradas através do site www.projetobaustelle.wordpress.com.


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