01/08/2011 08h31 - Atualizado em
05/01/2017 15h43
Palácio Anchieta comemora 460 anos
O Palácio Anchieta completa 460 anos de história este ano, e para comemorá-los, o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), e da Superintendência de Comunicação Social (Secom), realizará uma série de atividades para homenagear esse patrimônio histórico capixaba.
As primeiras ações serão realizadas no dia 1º de agosto. Às 8 horas, o governador do Estado, Renato Casagrande recebe a imprensa para um café da manhã. Logo depois serão apresentados selo, carimbo e cartão postal comemorativos. Às 9h30, começará a coletiva, quando o governador apresentará a exposição "Mestres Espanhóis".
A Secom também está produzindo um vídeo para veiculação nas principais emissoras de TV mostrando um pouco da história do Palácio, fazendo alusão aos seus 460 anos e incentivando a visitação.
"Mestres Espanhóis"
Já na terça-feira (02), estará aberta ao público a exposição "Mestres Espanhóis". A mostra, que permanece em Vitória até 02 de outubro, é uma oportunidade única para o público capixaba conhecer gratuitamente os traçados dos artistas Pablo Picasso, Salvador Dalí, Francisco Goya e Joan Miró.
A exposição conta com 101 desenhos originais, do acervo da Collezioni D'arte Camú, do Consorzio Camú, da Itália. As gravuras mais antigas, datadas de 1815, são o recorte das distintas vivências dos artistas e mostram cenas de peças teatrais, a paradoxidade da vida, espaço, tempo e romance. Com uma extensa abordagem de temas, a exposição, inédita no Brasil, deixa a Itália pela primeira vez para ser apreciada em terras capixabas.
Das gravuras, 40 são obras de Picasso; 20 litogravuras e 01 frontispício da coleção "Maravilhas com Variações", de Joan Miró; 18 obras e 01 frontispício de Goya, da complexa "Disparates", e 21 gravuras a ponta-seca de Faust, do surrealista Salvador Dalí.
Além da variada temática, a mostra terá quatro frontispícios, que são a primeira página de um livro que traz o título, referência às obras teatrais pintadas pelos espanhóis, que estarão na mostra. As peças expostas são todas originais e interpretam a cultura figurativa do século XX.
A exposição é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secult, e conta com a parceria do Instituto Sincades.
Por dentro do Palácio Anchieta
O Palácio Anchieta é um marco histórico e arquitetônico no Espírito Santo. Além de ser sede do governo, o local é um importante patrimônio histórico capixaba, e utilizado como espaço cultural também. O prédio que é um resgate as origens capixabas, entre os anos de 2009 e 2010 recebeu mais de 320 mil visitações, e este ano, até o mês de junho, foram recebidas mais de 10 mil pessoas.
Visitação
O Palácio Anchieta funciona de terça a sábado, das 10 às 17 horas, e domingo das 10 às 16 horas. É possível agendar visitas pelo email agendamento@seg.es.gov.br. Logo ao chegar o visitante recebe algumas instruções, como a proibição de uso do flash de máquinas fotográfica, tocar e encostar-se em móveis entre outras. Em alguns lugares é necessário o uso de pantufas.
As visitas guiadas incluem o Salão do Piano, decorado com móveis franceses; o Salão Inglês, dedicado a refeições reservadas; a Biblioteca, que possui livros do governador; o Salão Negro, com vários detalhes em jacarandá; o Salão Dourado, todo em estilo rococó; e o Salão Nobre ou Verde.
Fora os aposentos oficiais, o visitante também tem a oportunidade de conhecer o que foi feito da antiga Igreja, que atualmente abriga dois grandes salões: o Salão São Tiago e o Afonso Brás.
Na entrada principal fica o Salão São Tiago, onde um painel mostra como o Palácio foi construído e suas principais transformações e reformas. Mais a frente estão pias de água benta e uma caixa-cofre de ferro, ambos do século XVI, e que pertenciam à Igreja de São Tiago.
No Salão Afonso Brás, antiga nave da igreja que atualmente recebe exposições de arte, há uma parede de Esgrafito original do século XVI, feita de esterco de vaca, de cavalo, conchas, argila e barro.
Fora os salões principais há o Salão de Imprensa, o Gabinete do Governador, a sala onde se encontra a representação do túmulo do Padre Anchieta, a sala dos ex-governadores, e a sala "Achados Arqueológicos", onde é possível ver urinol, garrafas de bebidas, e até mesmo fuzil fabricados na época de sua construção.
Restauração
Ao longo de mais de quatro séculos, o conjunto arquitetônico passou por várias modificações, testemunhando importantes acontecimentos do Espírito Santo. Restaurado em 2009, hoje o Palácio Anchieta representa uma parte importante da história e da identidade capixaba.
A obra teve a finalidade de garantir longevidade à edificação, respeitando seus valores simbólicos e culturais. O objetivo foi revitalizar o edifício, promovendo a valorização de elementos ocultados durante décadas por sucessivas reformas e resgatando a historicidade do prédio.
No decorrer dos trabalhos de restauro, que envolveu prospecções arquitetônicas e escavações, foram descobertos inúmeros vestígios relevantes para a história do prédio, além do já citado esgrafito da nave lateral da antiga igreja, que podem ser vistos durante a visitação do Palácio, tais como:
- Fundações do colégio jesuítico - vestígios de alicerces da ala mais antiga do edifício, apresentando a compartimentação interna do século XVI;
- Poço d'água do pátio central - construído pelos jesuítas, sofreu alterações ao longo dos séculos. Informações preliminares indicam que funcionou até 1905;
- Altar-mor - cômodo remanescente da igreja jesuítica, onde a lápide do túmulo do Padre Anchieta é mantida exposta, e onde também foram identificados vestígios construtivos da capela primitiva; e
- Configuração primitiva do pátio central - arcadas e paredes originais que conformavam os limites do pátio primitivo foram evidenciadas, permitindo o registro do sistema construtivo e configuração deste espaço à época dos jesuítas.
Linha do tempo do Palácio Anchieta
1524 - Nasce, em Portugal, o padre Afonso Brás, que ingressa na Companhia de Jesus em 1546 e vem para o Brasil na segunda leva de jesuítas, em 1550. É o fundador da obra jesuítica no Espírito Santo.
1534 - Inácio de Loiola funda, na França, a Companhia de Jesus, com missão evangelizadora para fazer frente à Reforma Protestante.
1534 - Aos 19 de março de 1534, nasce em Tenerife, nas Ilhas Canárias, arquipélago pertencente à Espanha, o padre José de Anchieta. É o mesmo ano de fundação da Companhia de Jesus, ordem na qual ingressou em 1551. Chegou ao Brasil em 1553.
1535 - Aos 23 de maio, começa oficialmente a colonização Espírito-santense, com a chegada de Vasco Fernandes Coutinho.
1551 - Aporta em terras capixabas o jesuíta Afonso Brás, aqui chegado em companhia do irmão leigo Simão Gonçalves.
1551 - Aos 25 de julho, padre Afonso Brás inaugura a construção primitiva da Igreja de São Tiago.
1559 - Incêndio destrói a primeira sede da Igreja de São Tiago.
1570 - Nessa década, missionários mobilizados pelo padre Inácio de Tolosa dão início à construção de uma nova sede para a Igreja de São Tiago, agora em pedra, no mesmo local da anterior, erguida com madeira.
1587 - Anchieta conclui a primeira ala do Colégio, voltada para a praça (atualmente, Praça João Clímaco).
1597 - Aos 09 de junho, em Reritiba, atual município de Anchieta, morre o padre Anchieta, enterrado junto ao altar-mor da Igreja de São Tiago.
1609 - Parte dos ossos do religioso é retirada para envio ao Colégio da Bahia e posterior traslado a Roma. O percurso não foi cumprido devido ao naufrágio da caravela.
1707 - Após 120 anos da construção da primeira ala do colégio, ergue-se a segunda, de frente para a baía de Vitória.
1734 - Constrói-se a terceira ala, fechando o pátio interno, juntamente com a segunda torre da igreja.
1734 - O túmulo de Anchieta é novamente aberto, tendo sido retirados os últimos restos mortais do jesuíta.
1747 - É erguida a quarta ala, contígua à igreja, formando o quadrilátero imponente do que seria, por muitos anos, a maior construção do Estado.
1759 - Por decreto do então rei de Portugal, Dom José I, os jesuítas são expulsos do reino e de todas as possessões da Coroa. É o fim do Colégio de São Tiago.
1796 - Um novo incêndio ocorre nas dependências do conjunto.
1798 - Já recuperado do incêndio de 1796, o antigo Colégio é denominado Palácio do Governo, passando a abrigar também o Hospital Militar e o batalhão de polícia, entre outros.
1860 - Após importantes obras de reforma, em função do abandono de décadas a que foi submetida a construção, o palácio recebe Suas Majestades Imperiais o imperador Dom Pedro II e a imperatriz Dona Teresa Cristina Maria. A visita dura 15 dias.
1883 - É construída uma escadaria na ladeira que dava acesso ao Cais do Imperador, melhorando a ligação entre o porto e o edifício.
1901 - O prédio é adquirido da União em 23 de dezembro.
1908 - O palácio recebe sistema de iluminação elétrica gerada por motor de corrente contínua.
1908 - Assume o governo o presidente Jerônimo Monteiro, responsável, durante o seu mandato, até 1912, pela reconstrução do palácio, transformando radicalmente as feições do conjunto. Uma nova escadaria é construída, seguindo o estilo eclético implantado pelo engenheiro francês Justin Norbert, contratado para executar as obras.
1911 - A Igreja de São Tiago é comprada do Bispado em 23 de novembro, ampliando em um terço a área coberta do palácio. No processo de reconstrução, a torre menor é destruída, tendo sido mantida a maior, com o relógio e os sinos.
1922 - Demolida a segunda e última torre da Igreja de São Tiago, apagando de vez os principais vestígios da herança jesuítica na fachada do conjunto.
1922 - É construído um túmulo simbólico em homenagem à memória de Anchieta. O antigo, com lápide esculpida em Portugal, havia sido removido por ocasião da adaptação da Igreja de São Tiago para receber a maquinaria da Imprensa Oficial e a sede da Secretaria de Governo, entre 1912 e 1916.
1924 - Amplia-se o uso de área no pavimento térreo, incluindo a instalação do primeiro elevador do edifício, que ganha pintura amarela, cor oficial dos prédios da administração pública.
1935 - Aos quatro séculos da chegada dos portugueses, planejava-se preparar o palácio para os festejos. Em função da precariedade das instalações, o conjunto passa, nos anos seguintes, por uma completa reconstrução interna, incluindo a instalação de lajes de concreto armado, como a que transformou a antiga Igreja de São Tiago em dois grandes salões.
1939 - O terceiro incêndio da história do palácio ocorre no andar térreo, onde funcionava o Diário da Manhã, órgão oficial do governo.
1945 - Em 09 de junho de 1945, em mais um aniversário da morte do padre José de Anchieta, o então governador, Jones dos Santos Neves, faz publicar o decreto de nº 15.888, denominando de Palácio Anchieta a sede do Governo estadual.
1983 - O edifício é tombado pelo Conselho Estadual de Cultura.
2004 - Inicia-se a primeira obra de restauro do Palácio Anchieta.
2006 - Com a finalização da primeira etapa da obra, o Palácio Anchieta passa a abrigar apenas os setores ligados ao Gabinete do Governador.
2007 - Novos equipamentos, como um segundo elevador, são instalados com vistas à intensificação do uso público do prédio.
2009 - Todas as instalações do edifício (elétrica, hidráulica e telefônica) e os sistemas de climatização e drenagem são modernizados. O telhado passa por reforma completa.
2009 - Procede-se à restauração do acervo artístico e do mobiliário do palácio e à realocação da Capela junto ao túmulo simbólico de Anchieta.
2009 - A restauração é concluída, tendo sido recuperados vestígios de todas as fases históricas do conjunto.
2009 - O palácio é aberto à visitação pública, incluindo salas especialmente montadas para contar a história do prédio ao longo de quase cinco séculos.
Serviço
Visitação Palácio Anchieta
Endereço: Praça João Clímaco, s/nº, Cidade Alta, Centro, Vitória ES
Visitação: de terça-feira a sábado - 10 às 17 horas
Domingos - 10 às 16 horas.
Telefone: 3636-1032
Agendamento de visitas: agendamento@seg.es.gov.br
Entrada franca
"Mestres Espanhóis"
Data: 02 de agosto a 02 de outubro
Horário: De terça-feira a sexta-feira - das 10 às 18 horas.
Sábado e Domingo das 12 às 18 horas.
Local: Salão Afonso Brás, no Palácio Anchieta
Entrada gratuita
Informações à Imprensa:
Assessoria de Comunicação/Secult
Larissa Ventorim
3636 7110 / 9902 1627
comunicacao@secult.es.gov.br