20/11/2013 08h56 - Atualizado em 05/01/2017 14h48

Museu do Negro recebe obras de arte tribal africana

 
O ÁfricaBrasil Museu Intercontinental reúne, em São Mateus, um dos maiores acervos de arte tribal africana do mundo. Lá estão, ao todo, cerca de 4.800 peças diversas, agrupadas ao longo de quatro décadas. Nessa terça-feira (19), véspera do Dia Nacional da Consciência Negra, foi aberta no Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas (Mucane), em Vitória, a exposição "Reinos, Escudos e Máscaras", trazendo para o Centro da capital capixaba um recorte das obras que compõem aquele acervo.

Realizada primeiramente em Brasília, a mostra ficará a partir de agora em cartaz no Mucane até o dia 19 de janeiro de 2014. Durante o coquetel de abertura, houve uma apresentação de samba. Na sequência, Maciel de Aguiar, curador da mostra e diretor do ÁfricaBrasil Museu Intercontinental, apresentou um breve histórico do museu e do acervo, atribuindo ao escritor Jorge Amado e ao antropólogo Darcy Ribeiro o mérito pela ideia de se reunir e preservar tal acervo: "Sou apenas o guardião dessa ideia".

"Todas as peças saqueadas do continente africano, ao longo de cinco séculos, estavam espalhadas pelo mundo. Pablo Picasso mandou para Jorge Amado inúmeras obras, com o recado de que ele deveria capitanear a construção de um museu no país para abrigar essas obras extraordinárias, que inspiraram o surgimento da arte moderna, do cubismo, uma informação sempre negligenciada pelas elites acadêmicas e culturais, desde a Europa.O Brasil teria que reverter essa situação, e eu aceitei o desafio proposto por eles sem saber o que ia acontecer. Começamos com 12 peças que Jorge Amado tinha em Salvador e com essas enviadas por Picasso. Depois, Darcy Ribeiro começou a fazer contato com intelectuais do mundo inteiro, por meio de Sérgio Buarque de Holanda, que se encantou pela iniciativa", contou.

De acordo com Maciel, o próximo passo é oferecer todo esse acervo à Organização das Nações Unidas (ONU), para que ela possa levá-lo de volta à África, uma vez que sua contribuição para com a história já foi feita. "As obras estão no Brasil, mas pertencem à humanidade. Se não podemos devolver os músculos dos negros que ajudaram a construir este país, que possamos devolver à África a dignidade e a cultura que eles nos legaram."

Formação

Representando a Secretaria de Estado da Cultura (Secult), Anna Saiter, diretora do Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes), ressaltou a importância de se conhecer e difundir a arte e a cultura africana e afrobrasileira, bem como o papel do Mucane no espaço em que ele está inserido na cidade: "Ele contribui para formar esse centro cultural e histórico que é o Centro de Vitória, e esperamos que o museu possa se fortalecer cada vez mais e tenha um calendário contínuo de atividades voltadas para a formação e difusão da cultura negra".

Anna citou também a Lei 10.639, de 2003, que tornou obrigatório nas escolas públicas e privadas o ensino das histórias e das culturas afrobrasileira e africana. Segundo ela, a exposição é uma oportunidade de se criar conteúdo para ser trabalhado em sala de aula, ainda que o ano letivo já esteja perto do fim. "É fundamental mobilizar os professores para que tragam as crianças até o museu. Na programação da exposição, está prevista uma ação de capacitação para os professores. É preciso um esforço para visitar não apenas este recorte, mas também o conjunto que está em São Mateus, no ÁfricaBrasil Museu Intercontinental", completou.

O secretário Municipal de Cultura de Vitória, Alexandre Lima, por sua vez, lembrou do esforço de todos aqueles que sempre se dedicaram a construir e a manter o Mucane, bem como dos longos períodos de dificuldade. "Quem conhece a história deste museu sabe que foi preciso muita luta para chegar como está hoje, recebendo um recorte da maior coleção do planeta de arte tribal africana. Gostaria de dizer ao grande mestre Maciel de Aguiar que ele teve um sonho, e sonho que se sonha junto vira realidade. Se a cultura é um pensar, que ela tenha consciência."

Serviço:
Exposição "Reinos, Escudos e Máscaras"
Local: Museu Capixaba do Negro Verônica da Pas
Avenida República, 121, Centro, Vitória
Visitação: de 20 de novembro a 22 de dezembro - terça a sexta, da 9h às 21h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h; de 26 de dezembro a 20 de janeiro de 2014 - terça a sexta, das 9h às 18h, sábados, domingos e feriados, das 10h às 17h
Agendamento de visitas: (27) 3222-4560, de segunda a sexta, das 9h às 18h
ou pelo e-mail mucane@correio1.vitoria.es.gov.br
Entrada gratuita

Atividades culturais durante a exposição:

11/12/2013
14h - Oficina Troca de Saberes, com jongo e dança afro do Mucane
18h - Apresentação de roda de jongo

18/12/2013
14h - Oficina Troca de Saberes, com congo e percussão do Mucane
18h - Apresentação da Banda de Congo Roda D?água (Cariacica)

08/01/2014
14h - Oficina Troca de Saberes, com Capoeira Patrimônio Cultural Brasileiro e danças populares do Mucane
18h - Roda de Capoeira, com Grupo Ganga Zumba e apresentação de dança popular com alunos do Mucane

Informações à imprensa:
Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo
Assessoria de Comunicação
Paula Norbim /Tiago Zanoli /Erika Piskac
Tel.: (27) 3636-7111/ 9808-7701/ 9902-9302
imprensa@secult.es.gov.br
www.secult.es.gov.br

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