20/01/2009 14h16 - Atualizado em 05/01/2017 14h22

Maes completa 10 anos com exposição de Dionísio Del Santo

O Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo - completa dez anos de existência. E para celebrar essa data tão importante na história da cultura capixaba, e homenagear também os dez anos de morte do artista que dá nome ao museu e que forma o seu principal acervo, será apresentada ao público uma retrospectiva com o título "Dionísio Del Santo: Um concretista marginal ou esquecido injustamente?". A abertura será nesta terça-feira (11), às 20 horas. A entrada é franca.

Embora a carreira desse importante artista nascido em Colatina em 1925 tenha se desenvolvido e se consolidado no Rio de Janeiro, ele faleceu em Vitória durante a montagem da primeira retrospectiva da sua obra no Estado do Espírito Santo. Todos os seus trabalhos foram então doados ao museu que passou a levar o nome atual. Nada mais oportuno, portanto, do que prestar agora uma homenagem ao principal modernista capixaba, considerado também um dos mais originais concretistas brasileiros, cuja obra carece ainda de uma melhor avaliação e difusão nacional.

?Nada mais oportuno do que prestar uma homenagem a Dionísio Del Santo, principal modernista capixaba cuja obra carece ainda de maior reconhecimento e difusão nacional. Essa mostra marca então um momento importante, onde podemos comemorar os dez anos do MAES, e apreciar as diferentes fases de um artista tão singular, tornando-o acessível às novas gerações. Ao mesmo tempo conseguimos vislumbrar a evolução das artes visuais no Espírito Santo nas últimas décadas, tendo-o como referência maior?, afirma Dayse Lemos, Secretária Estadual de Cultura.

Retrospectiva

Com curadoria de Almerinda Lopes, a mostra reúne 60 trabalhos pertencentes a importantes acervos públicos como o do MAES, UFES, MAC Niterói, MAM SP, MAM Rio e coleções particulares de São Paulo, Rio de Janeiro e Vitória.

A retrospectiva reúne o maior e mais expressivo conjunto da obra gráfica e pictórica de Dionísio Del Santo (1925-1999), contemplando diferentes momentos de sua trajetória criativa. ?Por essa razão torna-se oportunidade única para a apreciação desse grande artista, que ainda não teve sua importância reconhecida pela história da arte brasileira?, observa Almerinda Lopes.

A curadora ressalta ainda que coleções estrangeiras já se deram conta da importância do artista capixaba, o que precisa ser rapidamente reparado no Brasil. ?Após sua morte há dez anos, sua obra deixou de transitar nas principais instituições culturais do país, o que tem contribuído injustamente para o seu esquecimento, até mesmo no seu estado natal?, diz.

Várias são as razões apontadas para isso: sua timidez, sua origem humilde, e a recusa de integrar qualquer movimento, como o neoconcreto, para o qual foi convidado - ele era amigo dos principais componentes desse grupo, como Lígia Clark, Lygia Pape, Aluísio Carvão e Ferreira Gullar.

Del Santo produziu as primeiras composições de tendência geométrica, por volta de 1957, recorrendo a duas ou três formas e a grande economia também de cores, ano em que surgia o grupo neoconcreto carioca, dissidente do concretismo. Anos depois, se interessou logo pelas bases teóricas do concretismo, mas executou pinturas geométricas sem romper definitivamente com a figuração, razão porque mencionou ser sua obra menos radical que a dos integrantes do neoconcretismo. ?A casmurrice de Del Santo fez dele um operário da arte, trabalhando diuturnamente de maneira disciplinada e árdua na solidão do ateliê?, comenta Almerinda Lopes. O ritmo foi sempre um dos eixos fundamentais da poética de Del Santo, o que ajuda a entender por que o capixaba tornou-se um dos pioneiros na elaboração de propostas afinadas com a Optical Art, no país. Com a série de pinturas conhecida como ?cordéis? (1976), propôs a interação espectador/obra, movimentando-se diante dela para perceber mudanças cromáticas e formais. Sobre um fundo colorido colava barbantes de diferentes espessuras e cores, dialogando, em particular, com a pintura cinética de artistas como o colombiano Carlos Cruz Diez (fisiocromias).

Professor da Escola de Artes Visuais no Rio de Janeiro, deu aula para artistas da Geração 80, como Beatriz Milhazes. Nos anos 1960 e até 1973, foi o impressor de obras de artistas como Carlos Scliar e Cildo Meirelles, até que decidiu se dedicar ao seu próprio trabalho.

A carreira artística de Dionísio Del Santo se desenvolveu e consolidou no Rio de Janeiro, sem grande contato com o Espírito Santo, mas quis o destino que ele falecesse em Vitória, em 20 de janeiro de 1999, durante a montagem de retrospectiva de sua obra no Museu de Arte do Espírito Santo, que hoje leva seu nome.

A mostra ?Dionísio Del Santo? no MAES, somada às suas obras que integram a exposição ?1 + 7? no Museu Vale, fazem desse momento a maior homenagem já realizado ao grande artista.

A exposição ?Dionísio Del Santo: Um concretista marginal ou esquecido injustamente?? é uma realização da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), com produção cultural da Artviva e patrocínio da Odebrecht, da Escelsa, Banestes e Cesan.

Maes - 10 anos

O Museu de Arte do Espírito Santo Dionísio Del Santo (Maes) completará 10 anos de existência no dia 18 de dezembro de 2008. Já o prédio que abriga o Maes é bem mais antigo, com mais de 80 anos. É um projeto do arquiteto tcheco Joseph Pitilick, concluído em 1925.

Durante o governo de Florentino Avidos sediou os "Serviços de Melhoramentos de Vitória", órgão responsável pelo planejamento urbanístico da cidade. Posteriormente acolheu várias instituições públicas estaduais como o Diário Oficial, setores da Secretaria de Administração e dos Recursos Humanos e a Secretaria da Fazenda.

O prédio foi cedido ao Departamento Estadual de Cultura - DEC em 1987. Atendendo uma antiga reivindicação que mobilizou intelectuais e artistas capixabas, o DEC resolveu abrigar a sede de um Museu no antigo edifício. O Museu de Arte do Espírito Santo - Dionísio Del Santo, foi inaugurado em 18 de dezembro de 1998.

Na atualidade, um fenômeno novo já pode ser observado. Os museus estão passando por um processo de democratização, ressignificação e apropriação cultural. Já não se trata apenas de democratizar o acesso a eles, mas sim de democratizá-los, compreendendo-os como tecnologia e ferramenta de trabalho adequada para uma relação nova, criativa e participativa com o passado, o presente e o futuro.

O Maes segue essa tendência. Está tecnicamente e fisicamente preparado para receber exposições nacionais e até internacionais. Além de proporcionar a visitação das obras de arte, o Maes sempre oferece um 'algo a mais'. O Museu conversa, troca, oferece, acrescenta, divide. O Maes é um museu vivo.

Mantido pela Secretaria de Estado da Cultura (Secult), o Maes está situado na Avenida Jerônimo Monteiro, a principal via do Centro da cidade. Possui área expositiva com seis salas e hall, distribuídos em dois pisos. Além de oferecer ao público exposições de arte, o Museu possui um setor de Ação Educativa que promove palestras, oficinas e outras atividades em paralelo às exposições apresentadas, além de Cursos e Seminários nas áreas de Artes Plásticas, Patrimônio Cultural e Museologia.
 
 
fonte:Larissa Ventorim - Assessoria de Comunicação da Secult

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