21/06/2013 06h31 - Atualizado em
05/01/2017 14h31
Exposição "Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar" chega ao Museu da Língua Portuguesa em São Paulo nesta segunda-feira (24)

Pela primeira vez a ala principal do Museu recebe uma exposição que não foi montada exclusivamente para seu espaço
Após permanecer em cartaz por dois meses no Palácio Anchieta, em Vitória, a exposição Rubem Braga - o Fazendeiro do Ar, em homenagem ao cronista capixaba que completaria 100 anos em janeiro de 2013, aporta no
Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Esta é a primeira vez na história da instituição paulista que uma exposição ocupa a galeria principal sem ter sido criada exclusivamente para ela, como foram os casos de Clarisse Lispector, Jorge Amado e Guimarães Rosa. O evento contará com a presença dos governadores Renato Casagrande e Geraldo Alckmin, do Espírito Santo e de São Paulo, respectivamente, e personalidades do mundo político e literário.

Após São Paulo, a exposição segue para o Rio de Janeiro, onde provavelmente será montada na antiga sede da Manchete, e de lá para Cachoeiro de Itapemirim, no final do ano, onde será instalada em caráter definitivo na Casa dos Braga.
No Espírito Santo e no Brasil o centenário de Braga vem sendo comemorado de diversas formas. O governador Renato Casagrande assinou um decreto que institui a Comenda "Rubem Braga" a ser outorgada anualmente em 05 de novembro, por ocasião do Dia da Cultura Capixaba, para promover o reconhecimento público de ações, história e memória de artistas, profissionais, autoridades e dirigentes que se destacam e contribuem para o desenvolvimento cultural do Estado.
A exposição

Nela, os visitantes podem interagir com elementos da vida de Rubem Braga e se familiarizarão com textos, documentos, correspondências, desenhos, pinturas, fotografias, objetos, depoimentos em vídeos e publicações, distribuídos módulos temáticos que abordam a infância do cronista em Cachoeiro de Itapemirim, o dia a dia em jornais como redator, repórter político e crítico de artes plásticas, sua atuação como correspondente de Guerra na Itália, a paixão por passarinhos e pelas mulheres, e sua legendária cobertura em Ipanema. Vídeos com depoimentos de amigos próximos do escritor, como Ziraldo, Zuenir Ventura, Ana Maria Machado, Danuza Leão, Fernanda Montenegro, dentre outros, também fazem parte de Rubem Braga - o Fazendeiro do Ar.
Vida e obra em uma proposta interativa
A mostra conta com o delicado trabalho de curadoria de Joaquim Ferreira dos Santos e promove um diálogo entre a vida e a poética de Rubem Braga com a realidade e a tecnologia atuais. A proposta é que o público da exposição, em especial as novas gerações, acessem a obra e a biografia do cronista através de interfaces contemporâneas.
Joaquim Ferreira dos Santos afirma que "Rubem Braga, numa frase rápida, é o prazer de ler". "Vai atravessar todas as gerações. Suas crônicas falam dos detalhes, das cenas cotidianas, dos consensos da humanidade, e são embrulhadas uma a uma com um texto que veste a roupa da língua comum". Ele observa não ser à toa que chamam Rubem Braga "de o inventor da moderna crônica brasileira". "O gênero já existia, vinha desde José de Alencar, passara pela maestria de Machado de Assis, a carioquice peripatética de João do Rio. Foi Rubem quem lhe acrescentou lirismo poético e a influência, bem humorada e coloquial, dos modernistas de 1922. É o formato que a gente conhece hoje, por exemplo, em textos de Veríssimo", explica.
Para o diretor técnico do Museu da Língua Portuguesa, Antônio Carlos de Moraes Sartini, "a obra de Rubem Braga é muito apropriada, por sua simplicidade cativante e enorme qualidade, para promovermos a aproximação entre os jovens frequentadores do Museu e os bons livros, por isso estamos muito felizes com a exibição da mostra "Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar" no Museu da Língua Portuguesa".
Módulos da exposição
"Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar" é dividida em módulos temáticos: Retratos, Redação, Guerra, Passarinhos e Cobertura, que abordarão sua infância em Cachoeiro de Itapemirim; o dia a dia em jornais como redator, repórter político e também de artes plásticas; sua ação como correspondente de Guerra na Itália; sua paixão por passarinhos, tema recorrente de seus textos; e sua lendária cobertura em Ipanema, no Rio, um pedaço do mundo rural em plena selva urbana, com pomar e passarinhos.
Cada um desses espaços tem uma concepção visual de modo a provocar no espectador a ideia de imersão no universo ali retratado. Assim, na sala Retratos, imagens do escritor, em diversas épocas de sua vida, ocupam uma parede. Em Capital Secreta do Mundo estarão dez caixas suspensas, que ao serem abertas revelam textos, documentos e fotos. Em Redação, reproduções de páginas de jornal cobrirão paredes e chão, e dez mesas, típicas das existentes dos jornais da época, trarão um tema cada um, que será explorado pelo espectador a partir de iPads acoplados a antigas máquinas de escrever, como se fossem folhas de papel. As mesas temáticas, que mostram suas várias facetas, atividades e interesses, são: Espírito Santo, Manchete, Diplomata, O andarilho, Homem de televisão, Editor, Repórter, Escritor, Arte, O homem Rubem Braga.
No espaço Guerra, em uma mesa estarão dez telefones antigos, típicos dos anos 1940, que ao serem tirados do gancho, trarão músicas, jingles, trechos de programas de rádio e noticiário ouvidos na época da Segunda Guerra Mundial. E, pendurados no teto, aviões de papel, feitos na técnica japonesa de dobradura, o origami. No último espaço, Cobertura, será reproduzida sua famosa cobertura, palco de reuniões memoráveis com amigos artistas e intelectuais. Nela, serão projetados os depoimentos em vídeo de Ziraldo, Zuenir Ventura, Ana Maria Machado, Danuza Leão, Fernanda Montenegro, dentre outros.
Sobre Rubem Braga
Um dos filhos mais respeitados das terras capixabas nasceu no dia 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, e faleceu no Rio, em 19 de dezembro de 1990. Considerado o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, iniciou os estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. Foi para Niterói estudar no Colégio Salesiano. Iniciou a faculdade de Direito no RJ, e se formou em MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em MG, e no front da Mantiqueira.
Na capital mineira se casou com Zora Seljan Braga, em 1936, de quem posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho, Roberto Braga. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro "Com a FEB na Itália", em 1945. De volta ao Brasil morou em Recife, Porto Alegre e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro em uma pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos; depois, numa casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim em um apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema. Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da repressão.
Exposição Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar
Ficha Técnica:
Curadoria: Joaquim Ferreira dos Santos
Projeto cenográfico: Felipe Tassara
Concepção e produção: Instituto de Inovação do Estado e da Sociedade
Coordenação e Produção Executiva: Luciana Vellozo Santos e Robson Outeiro, e Emporio Empreendimentos Artísticos e Culturais.
Serviço: Exposição "Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar"
Museu da Língua Portuguesa
Abertura: 24 de junho de 2013, às 19h30
Visitação: de 25 de junho a 2 de setembro
Endereço: Praça da Luz s/n; tel.: (11) 3322-0080
Horário: de terça a domingo, das 10h às 18h (a bilheteria fecha às 17h). Fechado às segundas. Às terças, o museu fica aberto até as 22h.
Ingressos: R$ 6,00 e R$ 3,00 (meia entrada), com entrada gratuita aos sábados
Informações à imprensa:
Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo
Assessoria de Comunicação
Caê Guimarães, Paula Norbim e Paulo Gois
Tel.: (27)3636-7111/ 9808 7701/ 9902-9302
cae.guimaraes@secult.es.gov.br
imprensa@secult.es.gov.br /
www.secult.es.gov.br
Museu da Língua Portuguesa
Audrey Pujol
Tel.:(11) 3322-0089 / 9 8655-9195
audrey.pujol@museudalinguaportuguesa.org.br