08/11/2010 07h30 - Atualizado em 05/01/2017 15h38

Emoção e muitas recordações marcam inauguração do restauro da Estação Ferroviária e do Mirante de Matilde



"Naquele tempo, as mulheres se vestiam muito bem para ver o trem passar. As moças ficavam passeando pra lá e pra cá na plataforma. Arranjavam namoradinhos e até casavam", relembrou Marina Bellon. Elizete Camiletti contou que o "agente ferroviário era uma figura muito representativa na comunidade. Todas as notícias, as comunicações, eram feitas através da Estação". Todas essas lembranças vieram à tona quando os moradores chegaram para prestigiar a solenidade de inauguração das obras de restauro da Estação Ferroviária de Matilde, na manhã desta sexta-feira (05).

Ritmada pela Orquestra Regional Municipal Alto Benevente, a solenidade foi marcada por emoção e recordações. "Está tudo como antes", disse Plínio Coelho, que aos 75 anos de vida, acompanhou toda a trajetória da Estação de perto. Além do restauro das obras, o governo do Estado inaugurou o Mirante da Cachoeira de Matilde, distrito de Alfredo Chaves.

O primeiro a assinar o livro de visitas da Estação Ferroviária foi o governador Paulo Hartung; seguido do prefeito de Alfredo Chaves, Fernando Lafayette; e dos secretários de Estado Dayse Lemos, da Cultura; João Felício Scárdua, do Turismo; e Enio Bergoli, da Agricultura.

Em seu discurso, Dayse Lemos precisou conter a emoção. "Hoje o Dia Nacional da Cultura está muito bem comemorado com a inauguração dessa obra de restauro. A equipe da Secult se empenhou, e fez tudo com muito respeito à história construtiva do imóvel".

Ela ressaltou também que "a Secult está investindo em uma política de preservação do patrimônio. Ontem estivemos em Itapina, e a proposta de tombamento do Sítio Histórico foi aprovada pelo CEC. Em breve vamos inaugurar o restauro da Casa Lambert, em Santa Teresa; e da Fazenda do Centro, em Castelo".

O governador Paulo Hartung frisou outra data importante em seu discurso: a Estação Ferroviária de Matilde completa 100 anos em 2010. "Esse não é um prédio qualquer, é uma obra centenária. Cem anos na história do nosso Estado é algo marcante, pois tudo é muito recente. Por isso nossa raiz que deve ser preservada", destacou, visivelmente emocionado.

As obras de restauração da Estação Ferroviária foram executadas por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult). Já a construção do Mirante foi feito por convênio entre a Prefeitura de Alfredo Chaves e a Secretaria de Estado de Turismo (Setur). As duas ações também contaram com a parceria da comunidade de Matilde, do Instituto Sincades e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-ES).

Centro Cultural e turístico

Além da restauração do imóvel, a Secult deu um novo significado à Estação Ferroviária de Matilde. Ela foi transformada em um local de atividades culturais, turísticas e de capacitação.

O espaço contará com um salão multiuso com 64 lugares na plateia para pequenas apresentações culturais, e que servirá de sede para a banda de música da região. Há também loja de artesanato local; biblioteca comunitária; e sala de exposição permanente.

Na exposição, os visitantes podem conhecer a história da fundação de Matilde, e saber um pouco mais sobre as primeiras famílias que chegaram ao local. A cafeteria, por exemplo, foi batizado de Dona Benedita, uma homenagem a uma famosa doceira da região. Estão lá também estampados em grandes retratos a escritora Haydeé Nicolussi (1905-1970), que nasceu em Alfredo Chaves, e passou a infância em Matilde; e Ludovico Persici, cinematógrafo, autor do primeiro bangue-bangue do Brasil.

Cachoeira de Matilde

A construção do Mirante da Cachoeira de Matilde favorece as ações de turismo na região. No espaço é possível observar uma vasta área de floresta nativa, além do principal ponto turístico do município, a Cachoeira de Matilde, que é considerada a maior cachoeira do Espírito Santo.

Um lugar de rara beleza, ela possui queda livre de 70 metros. O município reserva outras atrações como antigas construções, estrada de ferro, túnel subterrâneo com 90 metros de extensão ? com rio que passa em seu interior ? e vales. Sendo uma grande atração para praticantes de esportes radicais com o rapel, a escalada, o salto de asa delta, motocross, bikecross, bóia-cross e o parapente. As caminhadas ecológicas também fazem parte do roteiro.

Restauração

A restauração da Estação Ferroviária respeitou a história do imóvel, pois apesar das intervenções sofridas ao longo dos anos, a configuração espacial, a tipologia e os materiais construtivos dominantes originais da construção estavam preservados.

Para promover a acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, foi criada uma rampa de acesso ao quintal; a inclinação da rampa da plataforma passou por correção, e foi instalado um banheiro adaptado.

O imóvel foi valorizado por meio da iluminação da fachada, da urbanização de seu entorno, e da recuperação da cor original das esquadrias, comprovada através de pesquisa histórica e prospecções.

O pátio de 64 metros quadrados ganhou trabalho paisagístico, transformando-se em espaço de convivência humanizado. As instalações elétricas e hidrossanitárias foram renovadas. As instalações novas estão adaptadas às necessidades do tempo atual, como, por exemplo, foram instalados trilhos eletrificados para uma iluminação dinâmica e eficiente, e cabeamento estruturado.

A restauração da Estação de Matilde e o novo uso proposto busca renovar a relação afetiva e estimular o sentimento de pertencimento entre a comunidade, os visitantes e salvaguardar o patrimônio cultural.

História

Este importante trecho facilitou o transporte de passageiros e da produção cafeeira para o Porto de Vitória.

Inicialmente, a estação pertencia ao governo federal através da Estrada de Ferro Sul, que posteriormente foi comprada pela Leopoldina Railway (empresa inglesa organizada em Londres no ano de 1897, e autorizada a funcionar no Brasil).

O trem fazia os seguintes percursos: Cachoeiro de Itapemirim x Vitória; e Vitória X Rio de Janeiro.

Erguida entre a linha de ferro e o Rio Benevente, está localizada nas cercanias da vila de Matilde, mas em situação isolada e próxima à ponte da ferrovia sobre o mesmo rio.

A estação foi inaugurada em 1910, momento marcado pela presença do então presidente da República Nilo Peçanha, porém, uma pequena estação de madeira um quilômetro antes da atual já existia no ano de 1902.

Marco da engenharia ferroviária nacional, a edificação apresenta relevante interesse arquitetônico e tecnológico, diferenciado para a época. Em sua construção foram empregados materiais como: tijolos cerâmicos aparelhados, pedras trabalhadas, trilhos de ferro e telhas tipo Marselha.

Em meados da década de 80, a Estação foi desativada. Em 1986, foi tombada pelo Conselho Estadual de Cultura, por meio da resolução de número 02/86, publicada em 24 de janeiro.


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