11/10/2013 08h11 - Atualizado em 05/01/2017 14h44

Obras de 14 cadeirantes são expostas na Galeria Homero Massena

Com lágrimas nos olhos, Maxsandra Sousa (foto ao lado), 35 anos, olha para sua xilogravura exposta na Galeria Homero Massena, e se lembra da relutância em mostrar sua arte. "Não gosto de aparecer nem queria parecer ridícula, mas o professor me apoiou, e decidi mostrar para a minha família e para as pessoas que eu posso", diz ela.
 
O professor a quem se refere é o artista plástico Thiago Arruda, que até o último dia 5 esteve em cartaz na mesma galeria com a exposição "Naquela Mesa". Durante os dois meses em que sua arte ficou à mostra, ele comandou um curso de xilogravura em seis módulos, sempre aos sábados, para 14 cadeirantes usuários do programa Mão na Roda, da Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb).
 
Foi assim que a obra de Maxsandra e outros 13 novos artistas foi parar nas paredes da Galeria Homero Massena, na Cidade Alta, em Vitória. Todas as xilogravuras ficarão expostas até este sábado (12), dentro da programação da Semana Cultural e Esportiva do Portador de Deficiência Física, que conta também com atividades simultâneas na Biblioteca Pública do Espírito Santo.
 
Maxsandra lembra que foi pega de surpresa pela irmã, que a inscreveu no curso. "Sou muito caseira, e ela queria que eu mudasse de ares. Eu vim muito crua para cá e aprendi coisas que jamais imaginei." Mais uma vez olha para sua tela na parede e conta como concebeu a obra: "Fui tentar acertar um trabalho que não gostei e começou a ganhar essa forma. Então vi num programa de TV as pessoas falando sobre a simbologia do círculo, dos ciclos da vida, e gostei dessa ideia".
 
Orgulho
 
Aos 40 anos, Luciane Mozine (foto ao lado) nunca havia se dedicado a uma atividade artística. Quando recebeu o convite por meio do programa Mão na Roda, sentiu-se desafiada e aceitou a proposta. "Foi uma experiência nova e muito gratificante. Esse trabalho me fez ver que posso ir mais além."
 
Feliz em ver sua obra dividir o espaço da galeria com o trabalho dos colegas de curso, orgulha-se: "Eu, que não esperava muito no começo, tirei uma foto do meu trabalho e mostrei para as pessoas. Agora tem um monte de gente querendo comprar (risos)".
 
Quem também despertou o interesse de possíveis compradores foi Wekislei de Azevedo Silva, 32 anos. Assim como Luciane, ele aceitou o convite com ressalvas. Sentia não ser capaz de desenvolver o trabalho em xilogravura. "Quando o curso começou, percebi que era exatamente o contrário. Todo mundo, aliás, sentiu a mesma coisa. Acabei recebendo muito incentivo de todos e agora estou aqui. É uma emoção grande."
 
O curso
 
Sob orientação de Thiago Arruda, o curso foi realizado entre os meses de agosto e setembro deste ano, na própria galeria, no período em que a exposição "Naquela Mesa" ficou em cartaz. Heterogêneo, alegre e participativo, o grupo de 14 cadeirantes transformou as tardes de sábado em animados encontros. Superando suas limitações de movimentos, revelando energia e inventividade, dedicaram-se a criar novas funções e novos usos para as tradicionais ferramentas de gravura.
 
"Eu também tive receio no começo, pois nunca havia trabalhado com cadeirantes. Cheguei a pedir orientação ao meu antigo professor da Ufes, Fernando Gomes, e ele me disse que seria uma experiência boa, pois os cadeirantes têm a mão firme", lembra Arruda.
 
À medida que o curso foi se realizando, adaptações foram feitas de acordo com as características de cada aluno, trabalhando com as ferramentas usuais da xilogravura. "Nessa arte, a matriz é a madeira, mas no começo trabalhei com eles usando parafina, que permitia utilizar qualquer instrumento para produzir as gravuras, até mesmo um lápis. Mais adiante, alguns passaram para a madeira, outros ficaram com a parafina", conta o artista, ressaltando que ficou admirado com a determinação e dedicação dos alunos.
 
Programação
 
Além da exposição na Galeria Homero Massena, a programação conta com uma série de atividades na Biblioteca Pública do Espírito Santo. Na tarde de quarta-feira, foi realizado o projeto Os Sentidos nos Movem a Criar, com um grupo de sete pessoas com deficiência mental. "Utilizamos essências, toque em algodão, pó de café e Nescau, além de outras texturas. Tocamos chocalho, bongô e pandeiro e também cantamos, estimulando assim os cinco sentidos. Eles também criaram com tinta, lápis de cor, canetinha hidrocor e massinha", conta Rafaela Nichi, responsável pelo Setor Infantil e pela série de atividades da Semana Cultural e Esportiva do Portador de Deficiência Física.
 
Nesta quinta (10), aconteceu a ação Nossa História em Quadrinhos, com os participantes contando suas histórias por meio da linguagem das histórias em quadrinhos, com exemplos de superação, os desejos de mudança ou mesmo de bullying sofrido por elas.
 
Nesta sexta (11), a programação da semana na Biblioteca Pública será encerrada com exibição do longa-metragem "Colegas". Escrito e dirigido por Marcelo Galvão, a produção é uma divertida comédia que aborda de forma inocente e poética as coisas simples da vida, a partir do olhar de três jovens com síndrome de Down apaixonados por cinema.
 
Serviço:
 
Biblioteca Pública do Espírito Santo
Semana de Inclusão
Quando: Até sexta (11), a partir das 14h
Avenida João Batista Parra, 165, Praia do Suá, Vitória
Entrada gratuita
Informações: (27) 3137-9351
 
Galeria Homero Massena
Exposição de xilogravuras produzidas por usuários do Programa Mão na Roda
Quando: Até sábado (12)
Rua Pedro Palácios, 99, Cidade Alta, Centro de Vitória
Visitação: de segunda a sexta, das 9h às 18h, e sábado, das 13h às 18h
Entrada gratuita
Informações: (27) 3132-8395
 
Informações à imprensa:
Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo
Assessoria de Comunicação
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Tel.: (27) 3636-7111/ 9808 7701/ 9902-9302
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