19/09/2016 13h03 - Atualizado em 05/01/2017 13h57

Neste sábado, a exposição “Fermento: do ar ao seu redor” promove bate-papo com Joana Quiroga

No próximo sábado (24), integrando a exposição “Fermento: do ar ao seu redor”, será realizado o bate-papo com Joana Quiroga, autora dessa proposta artística que está em cartaz desde a última semana na Galeria Homero Massena, na Cidade Alta, Centro de Vitória. Na ocasião, artista irá falar sobre seu processo de criação, sobre os temas suscitados pelo trabalho exposto e também fará uma vivência de cuidados com o fermento, com a distribuição do fermento que foi cultivado na própria Galeria. Aberta ao público, essa atividade acontecerá das 15h às 17h e também integra a programação da Primavera nos Museus.

Para a realização de “Fermento: do ar ao seu redor”, Joana Quiroga cultivou fermentos para pão em diferentes lugares da Grande Vitória enquanto uma narrativa para pensar sobre o mundo de coisas miúdas que nos cerca. Nesse trabalho, a criação destes fermentos, feitos apenas de água e trigo, é um convite para refletirmos sobre os afetos miúdos e corriqueiros, para os quais damos pouca atenção, mas que nos constituem. “Fermento” diz sobre a capacidade de tornar visível a singularidade daquilo que não podemos ver. Aqui, a fermentação é uma metáfora sobre a possibilidade de geração de algo extraordinário a partir de elementos simples.

Quem visita a exposição tem acesso a registros em fotos, áudio e vídeo, e outros documentos que dizem sobre essa imersão da artista e explicitam a originalidade e autenticidade de três colônias de fermento cujas matrizes foram capturadas em diferentes lugares da Grande Vitória: em Ataíde, Vila Velha, o fermento foi criado em uma vivência coletiva junto ao Banco Comunitário Verde Vida; na Lagoa do Juara, na Grande Jacaraípe, Serra, está sob os cuidados da Associação de Artesãos local; já o terceiro, foi feito na casa da própria artista no Centro de Vitória. Um quarto fermento irá “capturar” a presença do público frequentador, e outras sutilezas que envolvem o espaço expositivo. Amostras dessa nova colônia serão compartilhadas durante o bate-papo.

Sobre a decomposição e a vida

Com “Fermento: do ar ao seu redor”, Joana faz um convite para que miremos com mais atenção para aspectos habituais de nossa existência. Ao criar um fermento inteiramente original a partir das vidas microscópicas de lugares distintos, a artista nos provoca a olhar para as minúcias de nosso dia a dia e para as nossas memórias afetivas mais banais como algo novo e excepcional.

A fermentação natural, técnica antiga e universal de alimentação, requer paciência e observação atenta às variações sutis dos elementos do entorno, o que exige outro entendimento do espaço e do tempo a fim de transformar a decomposição num dos alimentos mais elementares e básicos da história do homem. Esse tipo de transformação da matéria acontece quando os fungos e bactérias que vivem no ar e na superfície das coisas encontram condições de umidade e calor favoráveis para se instalarem em um determinado material e começarem a se alimentar. Do processo de decomposição e transformação deste material realizado pela colônia de organismos invisíveis resulta algo que também nos alimenta.

Assim, quando comemos aquilo que foi fermentado estamos ingerindo os restos digestivos de fungos e bactérias. Dessa forma, a fermentação é um processo de apodrecimento que, manejado de modo especial e em diálogo obediente às singelas e sutis demandas da vida, transforma a decomposição em alimento. Essa materialidade apresentada por “Fermento: do ar ao seu redor” é um disparador para o público pensar temas filosóficos, artísticos e, de sua maneira própria, políticos.

Sobre Joana

Graduada e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Espírito Santo, seu trabalho no mundo artístico iniciou-se em 2010, motivada por seu interesse em Arte Urbana. Entre seus trabalhos mais recentes constam residências artísticas e exposições coletivas em parceria com o artista Fredone Fone, no Brasil e na Europa.

A exposição “Fermento: do ar ao seu redor” foi um dos projetos contemplados pelo Edital nº 15/2015 do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo, contou com a orientação do professor do Departamento de Artes da Ufes Carlos Eduardo Borges e com o apoio do Projeto de Extensão “Fermento: arte e ciência” do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da Ufes. A Primavera nos Museus é uma temporada cultural nacional coordenada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) que acontece anualmente no início da estação homônima.

Serviço

“Fermento: do ar ao seu redor”

Visitação: 14 de setembro a 10 de dezembro de 2016 - de segunda a sexta-feira

Horário de funcionamento: das 9 às 18h

Local: Galeria Homero Massena / Rua Pedro Palácios, 99 - Cidade Alta, Vitória

Entrada franca.

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