Mostra “Modos de usar:” abre calendário de exposições do Museu de Arte do Espírito Santo
No próximo dia 29 de janeiro, o Museu de Arte do Espírito Santo (MAES), situado no Centro Histórico da Capital, abre a primeira exposição de 2015 com o título “Modos de usar:”. A mostra reúne o trabalho de seis artistas selecionados no Edital de Bolsa Ateliê (015/2013), da Secretaria de Estado da Cultura (Secult), além de 13 obras pertencentes ao acervo do MAES. Com curadoria do historiador de arte e editor Júlio Martins, a exposição permanece em cartaz até março, com entrada gratuita.
As obras de Dionísio Del Santo (Foto ao lado), Maurício Salgueiro, Elpídio Malaquias (foto abaixo), Nice Nascimento Avanza, Nelson Ramos e Raphael Samú, do acervo do museu, apresentam-se em diálogo com os trabalhos de pesquisa desenvolvidos ao longo do Edital 015, dos artistas Daniela Zorzal, Gabriel Borem, Ludmila Cayres, Piatan Lube, Rubiane Maia e Thiago Arruda. A exposição não tem como objetivo exibir resultados acabados, mas tornar acessíveis e evidenciar os processos, interesses e experimentos realizados pelos artistas.
Todos os trabalhos expressam alguma noção ampliada de “uso”: seja na proposição de usos alternativos da lógica museológica, ou no trato das imagens, seja na ambição crítica em relação às normatizações técnicas e de linguagem, seja nas exigências que endereçam à percepção. Os artistas elaboram instâncias em aberto, inconclusas, que convidam o espectador a envolver-se nas experiências.
Sobre o Curador
Júlio Martins é curador, historiador de arte e editor. Colabora desde 2003 com o Centro de Experimentação e Informação de Arte (Ceia), ligado à Rijksakademie Artist´s Initiative (Amsterdã). Em 2009, participou do Programme Courants du Monde, na Maison des Cultures du Monde (Paris). É Curador Mapeador do Rumos Artes Visuais 2011-2013, Instituto Itaú Cultural (São Paulo) e Curador-Geral do Museu Inimá de Paula desde 2008.
Conheça os trabalhos
No projeto “Tabebuias: Cozinhas Experimentais”, Piatan Lube cartografou as árvores frutíferas na cidade de Vitória e busca instaurar no museu uma plataforma intensa de encontros com o público ao longo do período da exposição para trocas e disseminação dos frutos, colheitas de safras pela cidade, preparo e consumo comunitário de alimentos a partir das frutas.
A artista Rubiane Maia converte o museu em cenário de estúdio fotográfico para sua performance e num laboratório onde investiga a decomposição de uma maçã.
Ludmila Cayres também se vale de métodos e objetos de estudo do campo científico para gerar dados poéticos que compõem um relato espaço-temporal cromático da latitude 20⁰ Sul.
Thiago Arruda (foto ao lado) registra por contato o casco de um barco em papel, reconhecendo na madeira do objeto a matriz de sua xilogravura. Já Daniela Zorzal queima e enruga a superfície de suas fotografias tiradas em sua cidade natal.
A obra de Gabriel Borem interfere diretamente em revistas de arte, cortando e reeditando seu conteúdo imagético e textual, o que se evidencia é justamente a dimensão material – concreta, utilizável – da imagem, e sua implicação inevitável na construção do sentido e do afeto.
As ideias de “uso”, portanto, não se esgotam em funcionalidades e interatividades mecânicas, nem na instrumentalização alienada do consumo, mas são construídas e se oferecem como forças de apropriação poética.