A produção cinematográfica brasileira experimenta um ótimo momento: são centenas de filmes produzidos anualmente, em todos os cantos do país, por uma nova geração de cineastas estimulados pelo barateamento das tecnologias de produção. Apesar disso, nem todas as obras alcançam sua realização plena: o circuito comercial de exibição impõe restrições que separam o cinema de seu público. Dados da Ancine informam que em 2009 foram lançados comercialmente apenas 84 filmes nacionais no mercado de salas de exibição.

A Mostra Cinema Brasileiro Inédito, que ocupa o Cine Jardins, em Vitória, entre os dias 26 de novembro e 02 de dezembro, surge da necessidade de valorizar a parcela da produção que circula por uma rede alternativa de exibição - festivais, fóruns virtuais e cineclubes. O tema dessa primeira edição é A Produção Independente dos Anos 2000.

Cinema policial, terror, road movie, musical, documentário poético e documentário de observação: são oito filmes produzidos nos últimos cinco anos e que nunca entraram em cartaz nos cinemas brasileiros. Desses, sete serão exibidos pela primeira vez no Espírito Santo. A entrada para as 14 sessões da mostra é franca.

A Falta que me Faz, de Marília Rocha, é o filme que abre a Mostra. A diretora mineira é um dos principais nomes do Novíssimo Cinema Brasileiro - alcunha propagada internacionalmente pela imprensa especializada. Essa será a pré-estreia do filme no Estado, no mesmo dia em que entra em cartaz nos cinemas do país, como prova de que há sim espaço para filmes criados a partir de propostas artísticas inovadoras.

Lançado em 2009, A Falta que me Faz é o terceiro longa-metragem de Marília Rocha (após os bem-sucedidos Aboio e Acácio). Na tela, quatro meninas vivem o final de sua adolescência, entre o romantismo e a realidade, experimentando as angústias e contradições da passagem para a idade adulta.

Outro destaque da programação é Agreste, de Paula Gaitán, uma viagem ao agreste paraibano com Marcélia Cartaxo. Em contato com a natureza e com outras figuras femininas, a atriz relembra o trajeto de sua mais famosa personagem, a Macabéia de A Hora da Estrela. A diretora é atualmente uma das vozes mais importantes do cinema autoral e independente brasileiro. Última esposa de Glauber Rocha, Paula Gaitán já lançou Vida e Diário de Sintra, que consagraram sua estética.

Mangue Negro, de Rodrigo Aragão, mostra que o suporte longa-metragem tem ganhado força também no Espírito Santo. O filme foi lançado em 2008 e recebeu diveros prêmios internacionais com sua proposta de um cinema de terror brasileiro, realizado com baixo orçamento, mas com energia e elementos inegavelmente nacionais.

Outra característica desse Novíssimo Cinema Brasileiro é a descentralização da produção. A programação da Mostra Cinema Brasileiro Inédito apresenta as produções cearenses Sábado à Noite, de Ivo Lopes Araújo, e Estrada para Ythaca, de Guto Parente, Luiz Pretti, Pedro Diógenes, Ricardo Pretti; e o pernambucano Amigos de Risco, de Daniel Bandeira. São filmes emblemáticos da consolidação de novos pólos de produção cinematográfica: Fortaleza e Recife, que nos últimos anos contribuíram imensamente tanto com a produção de curtas-metragens quanto com o lançamento de longas de sucesso.

Completam a programação da MCBI 2010: A Fuga da Mulher Gorila, de Felipe Bragança e Marina Meliande, filme vencedor da Mostra Aurora, seleção de trabalhos de jovens diretores da Mostra de Tiradentes; e Morro do Céu, do diretor gaúcho Gustavo Spolidoro. Todos os filmes serão exibidos em sistema de projeção digital.

A Mostra Cinema Brasileiro Inédito conta com patrocínio do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo - FUNCULTURA, por meio do Edital de Projetos Culturais de Pequeno Porte. A realização é da produtora Pique-Bandeira e do SESC/ES, com apoio do Cine Jardins, da AUWE Digital e da Gráfica A1.

PROGRAMAÇÃO