Vice-governadora debate visibilidade para mulheres fazedoras de cultura
Jacqueline Moraes conheceu projetos que foram contemplados pelos editais da Secult.
Em sua segunda edição, o encontro de fazedoras de cultura com a vice-governadora do Estado, Jacqueline Moraes, trouxe a visibilidade das mulheres como ponto fundamental da pauta. Os oito projetos realizados por mulheres ali representados traziam em sua execução uma necessidade de jogar luz nas questões femininas, desde o apagamento de mulheres importantes na história até a difusão da cultura tradicionalmente encabeçada por elas.
Animada em conhecer os projetos, Jacqueline Moraes lembrou que o programa Agenda Mulher tem em seu cerne a difusão e a visibilização de mulheres, além do incentivo ao empreendedorismo. “A cultura é uma máquina de empreendedorismo, eu acredito nas mulheres e acredito na cultura que elas estão produzindo. Nós precisamos aumentar a divulgação, popularizar esses projetos no Estado e fortalecer a cultura nessa fase com tantos discursos de ódio. O Espírito Santo está em um momento de êxtase, estamos gerindo a pandemia e podendo ao mesmo tempo, produzir e investir em ações culturais", afirmou.
A subsecretária de Estado de Políticas Culturais, Carolina Ruas, explicou que a Secretaria da Cultura (Secult) está à disposição para ajudar a potencializar os projetos e tem se esforçado nesse sentido, tanto em parcerias com a TV Educativa quanto na criação de plataformas como a Cultura Conecta e a midiateca capixaba, que será lançada em dezembro.
A reunião foi realizada, nessa segunda-feira (13), e contou com a presença de mulheres contempladas por editais da Secult, tanto via Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura) quanto via Lei Aldir Blanc. Os projetos convidados tinham recorte de gênero e foram realizados por mulheres. Uma reunião com outras 12 mulheres está prevista para o dia 20.
Conheça os projetos
Artista e professora, Geisa Silva apresentou seu aplicativo Não Me Calo!, que está disponível para download na Play Store da google.
Geisa Silva realizou uma pesquisa com relatos de mulheres que sofreram violência, mapeando os locais. Inicialmente, a pesquisa foi realizada presencialmente, e gerou o Mapa da Violência Contra a Mulher dos bairros Jardim da Penha e Centro de Vitória. Com a Lei Aldir Blanc, a artista levou o mapa para a internet, dando às mulheres a possibilidade de darem seus relatos, ajudando outras mulheres.
O mapa foi levado para o aplicativo, indicando pontos de atenção na cidade de Vitória. O App dá visibilidade a como as mulheres se relacionam com a cidade. “A gente tem gravado na nossa cabeça os trajetos que são mais seguros. A gente tem que pensar nos trajetos antes de sair de casa. Para além das estatísticas, a relação da mulher com a cidade é de medo e privação”, explicou.
O próximo passo de Geisa Silva será inserir acessos a políticas públicas voltadas para as mulheres no aplicativo.
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A historiadora Lívia Rangel foi a proponente do projeto “Diálogos no tempo: histórias de mulheres capixabas”, que buscou, por meio de um seminário on-line, resgatar a memória de mulheres importantes na história do Estado, como a escritora Carmélia Maria de Souza e a política Judith Leão Castello Ribeiro.
Os debates estão disponíveis on-line, pelo Youtube. “Há um processo de apagamento das mulheres na história. Muitas pessoas não conhecem figuras importantes, e nós queremos resgatar isso”, ressaltou.
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Também resgatando histórias de mulheres está a bailarina Lalau Martins, em sua estreia como atriz. Lalau dança há 22 anos, e interpreta cinco mulheres na série “Guerreiras Negras”. Financiada pela Lei Aldir Blanc, a série conta a história de mulheres negras que lutaram contra a escravidão ao longo dos séculos. A bailarina contou que sempre se perguntou onde estavam essas mulheres na história, e que aproveitou o edital de cultura digital para viabilizar esse conhecimento a mais pessoas. Ela vinha fazendo um estudo sobre isso ao longo dos anos, e fez uma série de vídeos-dança para retratar de maneira singular guerreiras negras que lutaram contra a escravidão. Todas são interpretadas por Lalau Martins e registradas pela cineasta Sandy Vasconcelos.
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A solidão da mulher negra é o tema do filme “Sola”, curta metragem de Natália Dornelas. A ideia surgiu a partir da leitura de uma tese sobre o preterimento de mulheres negras na hora da escolha de parcerias afetivas, inclusive entre homens negros. A narrativa sobre o abandono afetivo sofrido por elas emocionou as presentes na reunião, especialmente quando a cineasta explicou que há níveis de abandono. Mulheres negras são constantemente não assumidas em relacionamentos românticos, abandonadas enquanto estão grávidas, compõem a maior parte das estatísticas de mães solo e ainda são mais abandonadas quando estão em privação de liberdade. Tocada pela história da arquiteta Flora, que passa por várias instâncias de abandono no curta de Natália, a vice-governadora lembrou que a população carcerária feminina é majoritariamente negra, e recebe menos visitas do que a população carcerária masculina. O filme de Natália Dornelas está em fase de pré-produção.
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A websérie “Ser Mulher”, de Mirela Morgante e Maíra Tristão, traz ciganas, desfiadeiras de siri e paneleiras contando suas histórias em minidocumentários de cinco minutos. O formato traz uma mulher mais velha e uma mais jovem refletindo sobre as tradições e sobre o ser mulher. A ideia é mostrar a singularidade cultural e experiências cotidianas de mulheres capixabas, sendo enfatizadas as funções exercidas apenas por mulheres e as relações com ofícios tradicionais. Todos os episódios estão disponíveis pelo https://www.youtube.com/c/chaleirafilmes.
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O papel da mulher no circuito de arte nacional está no cerne do projeto de Andreia Falqueto, uma residência artística com bolsa que objetivou a inclusão de mulheres. A artista conta que os perfis delas eram diferentes, e isso trouxe uma visão mais ampla para as necessidades de inclusão específicas de cada uma. A necessidade de uma mulher mãe é diferente da necessidade de outras mulheres, mas todas precisam ser acolhidas e se sentirem seguras para produzir. “A gente queria dar um ambiente seguro para a produção e a reflexão das mulheres”, contou. O projeto “Mulheres Múltiplas” recebeu mais de 200 inscrições de mulheres, das quais cinco foram selecionadas e fizeram exposições on-line no site mulheresmultiplas.art.br.
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Aidê Malanquini realizou a mostra “as oito de março”, buscando visibilidade para as produções teatrais capitaneadas por mulheres. Foram oito espetáculos apresentados ao longo de oito dias. Todos eles dirigidos por mulheres de todas as regiões do Brasil. Durante o evento havia debates (ainda disponíveis online – https://www.youtube.com/c/asoitodemarco?app=desktop), e a ideia dela é que a mostra continue no calendário de eventos do Espírito Santo ao longo dos anos, com chamadas públicas para espetáculos. Aidê Malanquini já tinha realizado outros trabalhos com foco em gênero, como a exposição Transpotências, que trazia o cotidiano de mulheres trans e foi exibida no Mucane, na Biblioteca da Ufes e no Sônia Cabral, e a performance Mina S, que era composta por 43 mulheres para chamar atenção sobre a quantidade diária de mulheres mortas por feminicídio.
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A escritora, dramaturga e diretora teatral Lorena Lima capitaneou o projeto “só conto pra elas”, que trouxe uma oficina de escrita criativa voltada para mulheres e rendeu um e-book da autora. Dez mulheres desenvolveram contos durante as oficinas, e o resultado está disponível na internet. “Eu escuto muita gente querendo se realizar na escrita e as oficinas foram uma ferramenta para ajudar essas pessoas”, pontuou.
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Acesse o documento| Gênero e Cultura: A Participação de Mulheres nas Políticas Culturais do ES
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