Na quarta-feira (09), no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), no Centro de Vitória, aconteceu o lançamento do catálogo da exposição “Descarrilho”, que reúne trabalhos dos artistas Alessa Felix, Filipe Borba, Jaíne Muniz, Jessica Maria, Jéssica Sampaio, Maria Menezes, Thiago Sobreiro e Yurie Yaginuma, com curadoria de Clara Pignaton.

A programação incluiu ainda uma conversa com Heider Boza, coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que falou sobre a realidade da população que vive na Bacia do Rio Doce – sobretudo após o rompimento da barragem em Mariana (MG) –, a fim de promover o debate e a reflexão em torno da temática.

Mais de duas mil pessoas já visitaram a exposição, que fica aberta para visitação até a próxima terça-feira (15). “Descarrilho” é desdobramento de uma residência de mesmo nome, realizada entre o final de 2022 e início de 2023. No período em que foi realizada a residência, os artistas propuseram-se a pesquisar o trajeto entre Cariacica (ES) e Itabira (MG) pela linha férrea, o rio que corre ao seu lado e o sentido posto nas palavras encontradas nesse caminho.

Roda de conversa realizada durante o lançamento do catálogo da exposição (Foto: Divulgação)

De acordo com a curadora da exposição, Clara Pignaton, a exposição se propôs a trabalhar a noção de paisagem apenas como aquilo que a vista alcança, como algo distanciado do corpo. “Os dois meses de ocupação no Maes fizeram com que, aos poucos, a paisagem imaginária ali sugerida pelos artistas, também subjetiva e histórica, alcançasse uma dimensão realmente coletiva ao incluir o público, suas percepções e anseios na construção do museu como uma paisagem política”, afirma.

Para ela, um dos aspectos que chamou sua atenção no período da exposição foi saber que os cartões com as frases de Drummond tomavam seus próprios destinos, com um ou outro visitante que os levavam. “Esses visitantes experimentavam se colocar imersos nas topografias de ferro dos tecidos, saber dos incômodos dos sons e das rachaduras das formas, nos diz sobre essa construção coletiva, sobre a multiplicação de imaginários e sobre a temporalidade que continuamente transforma as obras.”

Realizado com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 017/2021 – Setorial de Artes Visuais, da Secretaria da Cultura (Secult), e com apoio do Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), o projeto “Descarrilho” foi idealizado por Thiago Sobreiro e Maria Menezes, produzido por Marcela Mattos, Sapeba Produções e Lume Ateliê, com projeto expográfico de Elvys Chaves e design de Carlo Schiavini.

“Descarrilho” é desdobramento de uma residência artística de mesmo nome (Foto: Tayson Felix)

A artista Jaíne Muniz conta que a conversa entre os artistas e o público foi uma experiência muito enriquecedora, uma vez que possibilitou aos visitantes conhecer mais sobre o processo da residência e da construção dos trabalhos expostos no Maes. 

“As trocas que anteriormente só faziam parte do grupo de artistas foi compartilhada, tornando a linguagem dos trabalhos ainda mais receptiva para aqueles que visitaram a exposição. Foi importante poder ouvir das pessoas suas impressões sobre a exposição, o que nos aproximou das percepções que envolvem o projeto, ou mesmo aquelas que o ultrapassam, carregando a vivência de cada um que entrou em contato com os trabalhos”, pontua a artista.

Serviço:

Exposição “Descarrilho”

Visitação: até 15/08

De segunda a sexta, das 10h às 18h

Sábados, domingos e feriados, das 10h às 16h

Local: Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), Av. Jerônimo Monteiro, 631, Centro, Vitória

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