Nesta quarta-feira (19) acontece a apresentação do documentário e da exposição fotográfica “Saberes das Jongueiras de Itaúnas”, que resgatam a história, a força e a ancestralidade das mulheres jongueiras. A abertura acontece durante o evento “Noite Cultural- Fortalecendo nossa ancestralidade”, uma noite de apresentações da cultura local, realizado pela Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Benônio Falcão de Gouveia, em Itaúnas, Conceição da Barra.

O projeto é uma realização da Sociedade Amigos por Itaúnas (SAPI) e Secretaria da Cultura (Secult), por meio do Edital 06/2023 – Valorização do Patrimônio Cultural, do Fundo Estadual de Cultura do Espírito Santo (Funcultura).

O projeto tem como principal objetivo documentar, registrar e homenagear as dançadeiras e tocadeiras de jongo que mantêm viva uma tradição centenária, passada de geração em geração desde a antiga Vila de Itaúnas, soterrada pelas dunas, mas preservada na memória e nas manifestações culturais de seu povo. São relatos que atravessam quase cem anos de história, entre cantos, tambores e passos que ecoam a resistência afro-brasileira e a memória afetiva de um povo.

Coordenado por Valéria Demoner, Francinne Poletti e Paula Rodrigues, com curadoria de Luma Rossi, pesquisa pré-produção Daniella Cals e pesquisa científica de Verônica B. Santos, Mariana S. Albuquerque e Ailton P. Morilao. A produção audiovisual é assinada por Yuri Reuter, responsável por transformar as memórias e entrevistas em um documentário sensível e potente, que revela o papel das jongueiras como guardiãs da cultura popular capixaba.

Durante o processo, foram realizadas entrevistas com as senhoras jongueiras, nascidas ou filhas de moradores da Itaúnas velha, além das jovens jongueiras que seguem os ensinamentos dessas mestras e mestres da cultura popular. Esses depoimentos compõem o filme que apresenta não apenas as lembranças e vivências das protagonistas, mas também suas relações sociais, afetivas e culturais, além das influências ancestrais que moldaram o jongo como expressão de resistência e pertencimento.

A exposição fotográfica que acompanha a exibição do documentário reúne uma coletânea de doações fotográficas, registros antigos e atuais das mestras e da comunidade, compondo um inventário visual e afetivo do jongo em Itaúnas. As imagens ilustram as narrativas contadas no audiovisual e formam um acervo que reforça a importância do registro físico desse patrimônio imaterial.

A fotógrafa e curadora Luma Rossi comenta que o processo de levantamento das imagens foi um dos maiores desafios do projeto:

“Foi difícil encontrar registros fotográficos das jongueiras, mesmo em acervos de fotógrafos profissionais. Essa ausência evidencia o apagamento histórico das mulheres na cultura. Nossa curadoria também identificou outras senhoras jongueiras sexagenárias, mas não foi possível incluí-las no plano de trabalho devido ao prazo de entrega. No entanto, já estamos estudando uma segunda edição para contemplar essas mulheres e outras comunidades do Sapê do Norte”, explica.

A produtora cultural e idealizadora do projeto, Valéria Demoner, ressalta a importância de dar visibilidade às mulheres que mantêm viva essa tradição e afirma o caráter político e transformador da iniciativa:

“Queremos jogar luz e dar voz a essas verdadeiras mestras da arte do jongo. Este é também um projeto feminista, porque parte da escuta e da valorização das mulheres — suas histórias, saberes e forças que por tanto tempo foram silenciadas. Mais do que narrar a história das jongueiras, o projeto propõe homenageá-las e reconhecer o protagonismo feminino na cultura popular, evidenciando suas participações e influências em toda essa trajetória”, destaca.

Serviço:

Exibição do minidocumentário e abertura da exposição fotográfica “Os Saberes das Jongueiras de Itaúnas”

Data: 19/11 (quarta-feira)

Local: Escola Municipal de Ensino Fundamental Benônio Falcão de Gouveia – Itaúnas, Conceição da Barra (ES)

Horário:17h as 22h

Entrada gratuita

Classificação livre

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