Nesta terça-feira (09) aconteceu a apresentação da peça ‘Manga Rosa, Coração Civil’, encenada pelos internos da na Penitenciária de segurança média II (PSME- II), em Viana. A ação é fruto da oficina de iniciação teatral desenvolvida pelo projeto “Palco Livre: teatro no presídio LGBTQIA+”, que contou com encontros semanais iniciados em agosto deste ano, nos quais os participantes tiveram aulas de expressão corporal, técnicas vocais, jogos teatrais e exercícios de improvisação.

O projeto é contemplado pelo Edital n° 04/2024 - Valorização de Territórios e Diversidade Cultural, da Secretaria da Cultura (Secult), com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), e da Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), do Ministério da Cultura (MinC), Governo Federal.

A encenação ‘Manga Rosa, Coração Civil’ apresenta a dureza de uma tragédia cotidiana, mas também traz a alegria e irreverência, peculiares às pessoas LGBTQIA+. A equipe da iniciativa foi composta pelo idealizador, coordenador, roteirista e oficineiro Antônio Marx, a orientadora pedagógica Marlene Martins e as estudantes Marissa Martins (Fonoaudiologia) e Ana Carla Faria (Terapia Ocupacional). Ao longo do processo a oficina contou com os colaboradores convidados Marcio Martins (corpo) e Ilus (voz).

“Foi muito gratificante estar nessa unidade, que é a unidade para pessoas LGBTQIA+, que são duplamente discriminadas na sociedade — são presos e presas e estão fora da heterocisnormatividade; também foi muito legal ver a direção do presídio e a Sejus abrindo as portas para a oficina. A atividade se propõe a ser um processo de educação em direitos humanos, para as internas e os internos, para a gente que participa e também para os agentes policiais que acompanham e que veem toda essa rotina diferente acontecendo dentro do presídio”, afirmou o diretor de montagem e oficineiro, Antônio Marx.

Cada palavra escolhida para compor o título do exercício cênico tem um significado. ‘Manga’ é uma fruta a que internas e internos não têm acesso, ‘Rosa’ a mãe de um menino que adora “catar” manga no quintal do vizinho, ‘Coração Civil’ é o coração de todos que lutam por um país livre de todas as formas de violência e opressão, além de ser o nome de uma das canções que embalam a encenação, na voz de Ney Matogrosso.

Carol, uma das internas participantes do projeto, conta sua experiência “Para mim participar dessa oficina de teatro é importante, eu já tinha um conhecimento teatral lá fora, em liberdade, mas é de uma importância muito grande poder ter isso também dentro da unidade prisional. Foi muito gratificante poder estar pisando de volta aos palcos e passar essa expressão, essa alegria, essa mensagem que passamos hoje para o público. ”

O projeto Palco Livre é desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), por meio do Núcleo de Direitos Humanos e Saúde (NuDHS), e com a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos – Espírito Santo (ReBEDH).

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