05/12/2019 13h20

Documentário ‘Diante dos meus olhos’ estreia nesta quinta-feira (5)

A obra do cineasta André Félix foi selecionada no Edital 034/2017, de comercialização de longa-metragem da Secult. 

Com uma mistura de jazz, rock e irreverência, na esteira dos movimentos de contracultura da década de 1960, o trio “Os Mamíferos” marcou época na cena musical capixaba, agregando compositores, cantores e artistas da vanguarda cultural daquele momento. Mas, 50 anos após a formação do grupo, pouco se conhece sobre a banda e aquela cena cultural que culminou com o “Guarapastock”, ou “Guaraparistock”, o maior festival de música do Brasil até então, realizado em Guarapari, em 1971, no auge da repressão da Ditadura Militar, e que terminou de forma tumultuada.

O cineasta André Félix toma essas histórias como o ponto de partida de seu primeiro longa, “Diante dos meus olhos”, que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (05) após ser exibido no Festival Internacional do Uruguai, no Festival Internacional de Curitiba “Olhar de Cinema”, no Paraná; Pirenópolis Doc, em Goiás; forumdoc.bh, em Minas Gerais; Festival de Cinema de Vitória e Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul, no Rio de Janeiro.

  Para contar essa história a partir de um olhar não saudosista, Félix documentou os encontros com Afonso Abreu, Mario Ruy e Marco Antônio Grijó, os integrantes “oficiais” do grupo. Como a banda teve apenas quatro anos de duração, entre 1966 e 1970, e nunca lançou um álbum ou fez qualquer registro fonográfico oficial, o documentário se vale dos depoimentos dos músicos, imagens de arquivo, registros caseiros de ensaios e shows da época, além da criatividade do diretor.

“O que mais me chamou atenção na história não era o que a tornava grandiosa, mas a questão do fracasso deles. Eu acho que esse é o elemento político, exatamente no momento em que nos permitimos documentar o nosso fracasso. E mexer na história da música brasileira que é, em todos os sentidos, nosso maior bem, falar da geração dos anos 1960 e 1970, me encantava. Eu acredito que, quando existe uma falha, é muito mais interessante documentar do que quando tem um sucesso”, revela o diretor.

Em uma abordagem autoral, o filme apresenta os personagens em rotinas diárias e banais, criando um jogo entre a ilusão da imagem e aquilo que vemos, o que estaria diante dos nossos olhos. Questiona, assim, também a mitologia que se criou ao redor da banda com o passar dos anos e o aparente anonimato.

“A potência do filme pra mim não está em se a história foi ou não foi; se o Ney Matogrosso pintou a cara por influência deles ou não, por exemplo. Mas o que esse lance todo fez no corpo desses caras. E é por isso que o filme é “Diante dos meus olhos”, porque essa frase é talvez uma das mais conhecidas frases do Godard, que está no Salve-se quem puder (a vida): ‘Eu ainda não posso morrer, porque o filme da minha vida não passou diante dos meus olhos’”, reflete o diretor.

Fãs do poeta Allen Ginsberg e do movimento beat americano, do escritor Aldous Huxley e do intelectual Marshall McLuhan, Os Mamíferos levavam aos palcos uma performance insana, psicodélica, com rostos pintados e maquiagem carregada.

“Em suas várias e diversas manifestações, em diferentes linguagens, atividades e setores da vida, a contracultura chegou aos holofotes em 1968, com seus ‘maios’ e suas ‘primaveras’, mas o fato é que suas bases já vinham sendo fomentadas desde muito antes. Em 1966, Os Mamíferos já estavam bem atentos a todo este ‘zeitgeist’. Como eles, toda uma rede de artistas e pensadores capixabas buscavam traduzir em âmbito local as urgências que agitavam as transformações em curso. Eles produziram em alta voltagem um conjunto de canções absolutamente à altura do presente, junto com figuras que foram se aproximando em torno do grupo por magnetismo ou afinidade eletiva, caso do cantor Aprígio Lyrio, dos compositores Sérgio Regis e Rogério Coimbra, e do músico e compositor Arlindo Castro, por exemplo”, conta o também músico e um dos produtores do filme, Carlos Dalla. 

Sinopse

Quarenta e cinco anos após a dissolução da banda Os Mamíferos, Marco Antônio, Afonso e Mario Ruy vivem um cotidiano simples. Em meio às luzes da cidade, recordam suas glórias e fracassos e ajudam a recuperar um fragmento fundamental da música popular brasileira.

Ficha Técnica

Direção E Roteiro: André Félix

Produção e Produção Executiva: Carlos Dalla, Murilo Abreu, Vitor Graize e André Félix

Direção de Fotografia: William Sossai

Montagem: Luiz Pretti

Som Direto e Edição de Som: Hugo Reis

Elenco principal: Afonso Abreu, Marco Antônio Grijó e Mario Ruy

Empresas produtoras: Clareia, Pique-Bandeira Filmes e Serena

Distribuição: Pique-Bandeira Filmes

Duração: 83 minutos

Gênero: Documentário

Ano: 2018

Classificação Indicativa: 12 anos 

Festivais

  •         36° Festival Cinematográfico Internacional del Uruguay
  •         VII Olhar de Cinema - Festival Internacional de Curitiba
  •         IV Pirenópolis DOC - Festival de Documentário Brasileiro de Pirenópolis
  •         25° Festival de Cinema de Vitória
  •         22° Festival do Filme Documentário e Etnográfico Fórum de Antropologia e Cinema
  •         II BIS - Bienal Internacional do Cinema Sonoro
  •         12° Encontro de Cinema Negro Zózimo Bulbul
  •         III Mostra Sesc de Cinema

 

Sobre o diretor

André Félix é diretor e roteirista. Diante dos meus olhos é seu primeiro longa-metragem. Anteriormente, foi co-roteirista de Entreturnos, de Edson Ferreira e dirigiu os curtas-metragens A Cor do Fogo e A Cor da Cinza e Valentina. É mestre em Comunicação e Cultura pela Universidade Federal da Bahia e professor.

 

Distribuição

A Pique-Bandeira Filmes iniciou suas atividades de distribuição em 2016 com o lançamento comercial em cinema do filme Teobaldo Morto, Romeu Exilado. No ano seguinte, distribuiu seu segundo título com o apoio da Spcine: Com os Punhos Cerrados, produzido pela Alumbramento. Em 2018, lançou Arábia, em codistribuição com Embaúba Filmes. Em 2019 lança Diante dos Meus Olhos e já tem programado outros títulos para 2020.

Exibições: 

Cine Metrópolis I

Quinta, 18h

Sábado, 17h30 - Sessão + show, entrada gratuita

Segunda, 20h | Quarta, 14h e 18h20

Cine Jardins

Sexta a quarta-feira, 21h15

Informações à Imprensa
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