17/07/2023 12h53

Circulação e Intercâmbio: capixabas participam de evento em Cabo Verde voltado para mulheres negras

Tatiana Rosa, Gisseila Garcia, Renata Costa e Nademira Medina da Cruz Silva, representante da Alta Autoridade para a Imigração em Cabo Verde (Foto: Divulgação)

Na última quarta-feira (12), a artista visual Tatiana Rosa e a cientista social, historiadora e crítica de cinema Renata Costa aportaram em Cabo Verde, na África, onde participam do evento “Mudjeris di li i di lá: Género, Ancestralidade e Direitos”. Trata-se de um projeto de intercâmbio que promove trocas diversas, em que se compartilham pesquisas, memórias, práticas e modos afro-brasileiros e cabo-verdianos no enfrentamento da desigualdade de gênero, ampliando suas potências de realização e resistência, que se dão sobretudo pela promoção do bem-viver, nos saberes e sabores, na saúde, nas práticas de educação, culturais e na luta pelos direitos pela equidade.

Ambas foram selecionadas pelo edital Circulação e Intercâmbio, da Secretaria da Cultura (Secult), no ciclo maio. Apresentando projetos distintos, elas permanecem no país até 26 de julho. “É um evento de grande importância, pois possibilita o encontro entre mulheres vinculadas tanto a universidades quanto a comunidades e movimentos sociais. Além da participação em palestras, cursos livres e oficinas, eu e Renata estamos envolvidas em atividades organizadas entre os campos acadêmicos e de mobilização social, no campo e na cidade”, afirma Tatiana Rosa.

Renata Costa acrescenta que, em quatro dias do evento, ministra um curso e uma oficina a partir de uma proposta criada por ela, intitulada “Névoa e sonho – Modos de pertença”. Segundo ela, é uma ação realizada em conjunto com mulheres migrantes de outros países do continente africano, como Nigéria e Guiné-Bissau, e também da Ilha do Fogo (em Cabo Verde). 

“Esse grupo já está constituído e vem sendo acompanhado e potencializado pelo departamento de migração do país. Nós também estabelecemos uma ação de compartilhamento na Universidade de Santiago e de celebração do Dia da Mulher Negra, Latina e Afro-Caribenha, em 25 de julho, rememorando Zacimba Gaba e Teresa de Benguela, pensando nas herdeiras atuais desse legado entre nós”, destaca Renata Costa.

Projetos

Tatiana Rosa levou o projeto “Fricções possíveis entre Cabo Verde e Brasil”, desenvolvido a partir de sua pesquisa de mestrado “Ku sanga de contas contadas: prática de ensino da arte para as relações étnico-raciais”. O projeto, de acordo com ela, propõe uma reflexão sobre a prática de ensino da arte para as relações étnico-raciais promovidas em espaços escolares e não escolares, dentro e fora do Espírito Santo.

“Esse trabalho é fruto de pesquisas realizadas a partir de 2007 sobre a estética simbólica dos fios de conta, expostos nas casas de venda de artigos religiosos de matriz africana, no mercado da Vila Rubim, em Vitória. ‘Ku sanga’ significa encontros ou coleção de algo da mesma espécie, em quimbundo”, explica a artista. 

O projeto de Renata Costa, por sua vez, propõe reunir histórias de mulheres pretas a partir de uma perspectiva intergeracional unida ao sonho, à névoa compreendida como algo que não é possível contar, apenas “tatear”.

“‘Névoa e sonho – Modos de pertença’ nasceu de minhas vivências pessoais, nas quais localizo, na escrita de si e na busca de histórias perdidas de mulheres da minha própria linhagem, os caminhos feitos para a constituição de vida, beleza e poder a partir de mulheres negras, como minha mãe, Marilene (in memoriam), que migrou do Rio de Janeiro para o Espírito Santo na década de 1970. Dela, escutei histórias ‘malditas’ de tias, avó, bisavó, mulheres que, em seu tempo, desviavam da norma social estabelecida, criando à sua maneira modos e caminhos que me deixaram como legado. E que agora apresento como um convite para a liberdade”, conta Renata Costa.

Formada em História e mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Renata Costa desenvolve ações e escritas a partir de trajetórias negras, dos povos tradicionais e do cinema. Nos últimos anos, seus projetos envolvem ainda estabelecer conexões entre a história íntima de mulheres negras de sua linhagem e a chamada escrita de si (gênero em que um narrador em primeira pessoa se identifica explicitamente como o autor biográfico).

Além de artista visual, Tatiana Rosa é professora na Prefeitura Municipal de Serra, educadora e pesquisadora sobre o ensino da arte e das relações étnico-raciais. Atualmente, cursa o doutorado em Educação, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Também é sócia-fundadora do Raiz Forte Espaço de Criação e do projeto de extensão “Marés – Movimentos da Arte e da Educação na Vila de Manguinhos”, vinculado ao Departamento de Artes Visuais da Ufes.

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