“Transgressoras”, produzido e dirigido pelo coletivo feminista Elas Tramam, realiza apresentação exclusiva nesta sexta-feira (15), às 20h, no palco do Palácio da Cultura Sônia Cabral. O coletivo foi convidado para se apresentar na pauta de fevereiro pela equipe do Sônia Cabral com um espetáculo une mulheres para resistir contra os padrões de gênero e sexualidade aceitos na sociedade. O evento é gratuito para transsexuais e travestis.

À frente do Palácio da Cultura Sônia Cabral, o servidor Renan Oaks, destaca que a programação voltada ao público LGBT e a gratuidade para trans e travestis durante o mês de fevereiro são ações que garantem o acesso à cultura. “A inclusão deveria ser direito básico de todos”, afirma.

Parte do espetáculo foi escrita pela mulher transexual Alessandra Pin Ferraz, que não mora mais em Vitória. Alessandra será representada pela atriz trans Simone Pessali. “Dessa forma garantimos a representatividade trans nas leituras”, explica a dramaturga e produtora do espetáculo, Nieve Matos. 

O espetáculo foi  montado a partir de cenas de cinco dramaturgias, selecionadas pelo foco nas temáticas LGBTT: “Dá a mão pro bicho não entrar”, de Priscilla Gomes; “EvaGina”, de Patrícia Eugênio; “Rasgo”, de Rejane Arruda e “Quem tem medo da monstra” e “Casadell@s”, ambas de Alessandra Pin Ferraz. A proposta é tornar visível a luta e preconceito sofrido diariamente por essas pessoas. 

“Precisei encarar que o mundo não era feito pra mim, as regras não me contemplavam. Para ser eu mesma, eu tive que romper com todos os padrões que me impuseram”, relata a dramaturga Alessandra que imprime em seus textos sua vivência. 

“Quem tem medo da monstra” é um drama infanto-juvenil escrito para crianças e adolescentes trans que usa a metáfora da monstra que quer ser princesa para traduzir estereótipos e questões de gênero e sexualidade. Já o melodrama “Casadell@s” relata a história de uma casa de travestis chefiada pela quarentona Mama Rolanda. A rotina da casa é alterada com a chegada de uma travesti nova para quem a Mama mostra preferência. 

Com o aumento dos casos de transfobia e mortes de pessoas trans, Alessandra Pin Ferraz explica que é importante falar de representatividade e lutar para dar voz a quem não é dado o direito a fala. Segundo ela, seus textos retratam a realidade de uma legião de mulheres para quem transgredir é essencial para sobreviver. 

“Neste mesmo sentido, é fundamental fazer um evento teatral em que as pessoas trans não pagam ingresso, e possam ocupar um espaço que raramente as vemos ocupar” reforça . 

Priscilla Gomes traz outra faceta da exclusão social. Atriz, escritora e estudante de teologia, ela conta que, por ser lésbica, nunca se identificou com o que assistia na TV. “Cresci vendo filmes de histórias de amor de casais héteros”, afirma.

A solução encontrada foi tramar seu próprio enredo. “Dá a mão pro bicho não entrar” conta a história de uma vítima de pedofilia que encontra a felicidade pela primeira vez com outra mulher. “Nada mais poético, subversivo e transgressor do que mulheres e mulheres trans, lésbicas, pretas, brancas, cis, escrevendo, atuando, resistindo em um cenário cada vez mais opressor em relação a gênero e sexualidade” afirma Gomes.

Além desses, ainda serão encenadas as dramaturgias: “EvaGina” de Patrícia Eugênio, comédia sobre duas idosas lésbicas que vão morar juntas e “Rasgo” de Rejane Arruda, dramaturgia escrita a partir de anos de pesquisas em noticiários, narrando versões líricas de histórias reais.

As dramaturgias do Coletivo Elas Tramam foram compiladas em dois e-books, lançados, respectivamente, por meio dos editais de Diversidade Cultural e Setorial de Teatro da SECULT-ES. Ambos podem ser baixados, gratuitamente, no blog https://elastramam.wordpress.com/.

SERVIÇO: 
Local: Palácio da Cultura Sônia Cabral 
Data: 15 de fevereiro (sexta-feira)
Horário: 20h
Classificação: 14 anos.
Duração: 90 minutos.
Ingresso: R$ 20 (inteira) | 10 (meia) 
Entrada Gratuita para pessoas Trans e Travestis

Texto: Carla Nigro
Estagiária do Palácio da Cultura Sônia Cabra
3132-8399
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