07/12/2023 10h36 - Atualizado em 07/12/2023 11h36

Reinaldo Santos Neves lança novo romance nesta quinta-feira (07) na Biblioteca Pública do Espírito Santo

Reinaldo Santos Neves apresenta uma “autobiografia literária” em seu novo romance (Foto: Camila Matusoch)

Cinco anos após o lançamento de “Blues for Mr. Name ou Deus está doente e quer morrer”, o escritor Reinaldo Santos Neves apresenta ao público seu novo romance, “Morte em V.”, durante evento de lançamento que acontece nesta quinta-feira (07), a partir das 19h, na Biblioteca Pública do Espírito Santo (BPES), na Praia do Suá, em Vitória.

Publicada pela editora Cândida, a monumental obra de Santos Neves – com suas 576 páginas –  presta homenagem a “Morte em Veneza” (1912), do alemão Thomas Mann. Tal conexão se dá não apenas pelos títulos, mas também (e sobretudo) por outros aspectos, a exemplo de associações entre os protagonistas de ambas as narrativas, ou por elementos temáticos, como a inevitabilidade da finitude.

“Morte em V.” é tratada por Reinaldo Santos Neves como uma “autobiografia literária”. Ainda que traga muito de sua própria vivência, com o autor dando tudo de si “pelas beiradas de sua memória”, trata-se de uma narrativa inteiramente ficcional. Aqui, a despeito de ter lançado mão de memórias, diários e citações de terceiros, nada há de real (salvo alguns “respingos” de memórias e características de personalidade).

Mais que a própria vida privada (e pública) do escritor, é sua vida de leituras (e releituras), com o olhar sempre questionador, crítico e mordaz – pesando ora para o lado positivo, ora para o negativo –, o ponto de maior aproximação entre Reinaldo Santos Neves e Rainer Maria Rainer, protagonista deste novo romance.

Fruto do acaso, a concepção da personagem-musa de “Morte em V.” mantém um pé na realidade: ao deparar-se com uma fotografia de um evento de lançamento ocorrido na Ilha das Caieiras, em Vitória, feita pelo amigo Rogério Coimbra, na qual viu-se ao lado de uma jovem moça (em quem não prestava atenção), Reinaldo Santos Neves encontrou o mote inicial da história, que o levou à associação com o personagem de Thomas Mann. Daí por diante, tudo é pura ficção.

Última obra

“Morte em V.” é, infelizmente, a derradeira obra de Reinaldo Santos Neves, que foi diagnosticado com a doença de Alzheimer no início de 2022 – motivo de um profundo sentimento de frustração, uma vez que sua mente criativa sempre foi uma fonte incessante de novos projetos. “Você me pega em momento de final de carreira literária, quando começo outra carreira, a de lutar contra o Alzheimer. Dei sorte por ter conseguido ir ao fim de ‘Morte em V.’ e terminar de maneira que me agradou”, confidenciou Reinaldo ao entrevistador.

Apesar de a doença ter começado a dar os primeiros sinais já em 2019, quando o autor deixou de apresentar-se em público para palestras, devido às dificuldades de memória, suas habilidades para a escrita mantiveram-se incólumes, permitindo-lhe dar início ao projeto de “Morte em V.”, em 2020.

Juntamente com o desenvolvimento do projeto, os sintomas da doença foram se agravando. Casada com o Reinaldo, a museóloga Maria Clara Medeiros Santos Neves conta que o novo romance foi concluído no início de 2023, exigindo do escritor muito esforço e muitas releituras, pois a linguagem escrita também já havia sido comprometida.

Mais que um último livro, “Morte em V.” é um ato de resistência e uma batalha vencida, resultado de um esforço que pode ser tratado como heroico. Em vez de se render ao diagnóstico, Reinaldo enfrentou a doença e seus sintomas, lutou contra o tempo e conseguiu entregar uma obra literária à altura de tudo o que sempre produziu – marcada pela refinada ironia e pela riqueza de linguagem.

Criadora do portal Estação Capixaba (que concentra conteúdos sobre a cultura do estado), Maria Clara conta que, ao longo dos três anos que envolveram a escrita de “Morte em V.”, Reinaldo revisitou as próprias memórias e as de terceiros, recorreu a diários de sua adolescência e também a escritos de pessoas próximas (citações). 

“Como sempre ocorreu em toda a produção de Reinaldo, houve muitas mudanças de rumo, alterações no projeto e muita, mas muita reescrita. Daí os inúmeros arquivos deixados de lado. Muitas alterações em personagens e sequências, cortes grandes e pequenos, até chegar a uma versão próxima da final, em que o autor namora o texto e, como ele mesmo diz, passa para a fase final do ‘buril’, quando busca aperfeiçoar e embelezar sua criatura, e corrige os escorregões, para então dar a obra como pronta para o prelo”, explica Maria Clara.

Segundo ela, tudo o que Reinaldo escreveu em seus 77 anos de vida envolveu um longo período de produção. Fosse devido à extensa pesquisa exigida, fosse pela elaboração e reelaboração do projeto e do texto si, pois uma das características típicas do autor sempre foi a dificuldade de encontrar-se satisfeito com o resultado, partindo para muitas reescritas. Leitor exigente, sempre exigiu muito de si mesmo como autor – e isso explica o caráter monumental de seus livros, cujas leituras e releituras nunca se esgotam.

Serviço:

Lançamento de “Morte em V”

De Reinaldo Santos Neves 

Quando: 07/12 (quinta-feira) 

Horário: às 19h

Local: Biblioteca Pública do Espírito Santo, Av. João Batista Parra, 165, Praia do Suá, Vitória

Quanto: R$ 70 – à venda no lançamento e no site da editora Cândida

Entrada gratuita

Classificação livre

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