Prorrogada a exposição “Cem Anos Luz”, no Arquivo Público

Devido ao grande sucesso de público, a exposição “Cem Anos Luz”, que conta a trajetória da artista capixaba Dora Vivacqua, a Luz del Fuego, foi prorrogada até o dia 15 de junho no Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (APEES), Vitória. A mostra traz diversas imagens colhidas em arquivos públicos, além de diversas reflexões feitas em vida por Del Fuego. A entrada é gratuita.
Luz del Fuego: mulher que marcou época
Em 2017, completam-se 100 anos do nascimento da dançarina, naturista, atriz e escritora capixaba Dora Vivacqua, a Luz del Fuego, que marcou e agitou a década de 1950. Nascida em Cachoeiro de Itapemirim, em uma tradicional família de políticos, Luz del Fuego – o nome adotado provém de uma marca de batom argentino - desde criança mostrava-se diferente ao não aceitar as imposições a ela direcionadas e emitia opiniões contundentes sobre o casamento, o divórcio e a liberdade da mulher em um período no qual, em muitos casos, o matrimônio e a maternidade eram tidos como a destinação natural feminina.
Encantou-se muito nova por um serpentário e teve a certeza de que um dia se apresentaria com cobras, o que realmente fez. A primeira delas foi uma jiboia encomendada a um fazendeiro mato-grossense. Mantinha-as como animais de estimação, soltas em sua casa, apesar de afirmar ter sofrido 120 mordidas. As suas aparições nos teatros e circos, inicialmente no Rio de Janeiro e depois em todo o país, causavam furor. Junto com o sucesso vieram as perseguições por parte da censura e da polícia.
Após intensa carreira nos palcos dedicou-se aos seus ideais naturistas. Para torná-los mais populares tentou fundar o “Partido Naturalista Brasileiro”, cujo slogan era “Menos roupa e mais pão. Nosso lema é ação”. A criação do partido e a sua candidatura à deputada não ocorreram, uma vez que a lista de assinatura perdeu-se em condições misteriosas que envolveram até um acidente aéreo.
Na década de 1950 ela funda o primeiro clube naturalista brasileiro na “Ilha do Sol” no Rio de Janeiro. O local tinha registro na Federação Internacional Naturalista da Alemanha e alcançou, em sua fase áurea, a marca de 240 sócios pagantes, entre eles governadores, ministros, militares de alta patente, milionários, estrelas do cinema e turistas de todo o mundo, que só podiam permanecer na ilha se estivessem completamente sem roupa. Aos 50 anos ela foi assassinada, junto com o caseiro, por dois homens que ela havia denunciado à polícia por ações criminosas na região da Ilha.
Sobre a sua relação com a liberdade e a natureza Luz del Fuego comenta em seu livro “Não se necessita de grande poder de observação para notar a diferença entre uma pessoa criada no confinamento de quatro paredes e outra vivendo ao ar livre, respirando a plenos pulmões um ar rico em azoto e oxigênio, cheirando a sol, exteriorizando saúde e vida por todos os poros; e já nas atitudes, já no olhar, deixando entrever uma felicidade inata, uma ventura, que é finalmente a razão de ser mais provável da nossa vinda à objetivação humana”.
Exposição “Cem anos Luz” - exposição sobre Luz del Fuego
Data: segunda a sexta-feira.
Horário: das 10 às 17h30.
Até 15 de junho.
Entrada franca.
Local: sede do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo. Endereço: Rua Sete de Setembro, 414, Centro, Vitória.