24/02/2025 14h41 - Atualizado em 24/02/2025 14h42

Mestra cachoeirense é homenageada por escola de samba no Carnaval de Vitória

A mestra de caxambu cachoeirense Maria Laurinda Adão, umas das mais importantes personalidades da cultura capixaba, foi uma das figuras homenageadas pela escola de samba Imperatriz do Forte, na manhã desse domingo (23), no Sambão do Povo, em Vitória. Com o enredo "Só quem sabe onde é Luanda saberá lhe dar valor", a agremiação faz uma reverência à riqueza cultural e histórica de Luanda e propõe uma nova visão sobre o povo e a identidade que formam o Brasil, valorizando as raízes africanas e a resistência preta.

Maria Laurinda — mestra do grupo de caxambu Santa Cruz, do Quilombo Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim — é citada nos versos do samba: “Eu vou dançar maracatu, caxambu e capoeira/Manifestar minha raiz a noite inteira/Identidade de Laurinda e outros mais”. Segundo o presidente da Imperatriz do Forte, Daniel Modesto, a escolha de citar Maria Laurinda no samba-enredo vem da forte ligação da mestra com a cultura afrodescendente e popular.

“Sua trajetória de vida, marcada pela preservação do Caxambu e pela luta em diversas frentes sociais, simboliza a resistência, a ancestralidade e a força do povo negro. O convite para ela estar presente no desfile é um reconhecimento a essa trajetória, além de uma forma de tornar essa homenagem ainda mais viva e pulsante na avenida”, frisou Daniel Modesto.

Maria Laurinda desfilou em um dos carros alegóricos da Imperatriz, ao lado da irmã Adevalmira Adão Felipe (mais conhecida como “Dona Ilinha”), que também é mestra do grupo Santa Cruz. Adevalmira é a responsável por acender a fogueira antes de cada roda de caxambu e por tocar o tambor, sendo ela a única mulher no Espírito Santo a desempenhar essa atividade. Ambas as mestras são certificadas como Patrimônio Vivo de Cachoeiro de Itapemirim.

“Estou muito feliz de receber essa homenagem! É um reconhecimento do caminho que já percorri e do trabalho que eu e o meu grupo de caxambu fazemos. Monte Alegre inteira está representada nesse desfile e a cultura de Cachoeiro também”, declarou a mestra, que, na ocasião, também se encontrou pessoalmente com o cônsul-geral de Angola no Brasil, Mateus de Sá Miranda Neto, uma das personalidades homenageadas pela Imperatriz do Forte este ano.

“O caxambu, enquanto manifestação ancestral, é um dos pilares da cultura capixaba, expressando a força da oralidade, da música e da espiritualidade negra. Valorizar Maria Laurinda e o caxambu é reafirmar que nossa cultura pulsa forte, enraizada na história de quem veio antes e ecoando para as próximas gerações”, comentou Daniel Modesto.

Ele afirmou ainda que a Imperatriz do Forte reconhece Maria Laurinda como uma das grandes guardiãs das tradições afro-brasileiras no Espírito Santo. “Como Mestra do Caxambu de Monte Alegre, ela carrega consigo não apenas os cantos e os tambores, mas também a memória e a identidade de um povo que, por gerações, encontrou na cultura popular uma forma de resistência e pertencimento”, disse Modesto.

 

A mestra

Maria Laurinda é mestra de caxambu, parteira, coveira, líder comunitária, mãe de santo, ativista e uma das maiores representantes da identidade e da cultura negra no Espírito Santo e no Brasil. Há mais de 60 anos está à frente de um dos mais tradicionais grupos de caxambu do Estado, o Santa Cruz, que foi certificado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como Patrimônio Imaterial do Brasil.

Em 2009, Maria Laurinda recebeu o Prêmio Mestre Armojo do Folclore Capixaba, da Secretaria da Cultura (Secult) e o Prêmio Mestra Dona Izabel, concedido pelo Ministério da Cultura. Em 2010, ganhou também a certificação de Patrimônio Vivo de Cachoeiro, pela Lei Mestre João Inácio. Em 2018, foi agraciada com a Comenda Rubem Braga e, em 2023, com a Comenda Domingos Martins.

Sua importante trajetória de vida já foi registrada no documentário “Todas as faces de Maria”, em 2012. Posteriormente, esse projeto se transformou em um livro de mesmo nome — também lançado pessoalmente em Moçambique, na África – e em uma exposição fotográfica, que foi exibida em Vitória, Santa Leopoldina, Santiago (Chile) e Cachoeiro de Itapemirim, sua cidade natal, entre 2014 e 2016. Seu grupo organiza a tradicional festa Raiar da Liberdade, que acontece anualmente, desde 1888, no dia 13 de maio, a qual foi reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial do Espírito Santo, em 2024, pelo Conselho Estadual de Cultura (CEC).

Ainda no ano passado, o projeto intitulado “Trilhas do Quilombo Monte Alegre”, que reúne um conjunto de ações realizadas no local de moradia e atuação de Maria e seu caxambu, foi contemplado com o Prêmio Rodrigo Melo Franco de Andrade, a mais alta premiação na área da preservação e da salvaguarda do patrimônio cultural brasileiro.

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