Consolidado como uma referência na cena cultural do Espírito Santo, o Pocar Festival de Cultura 2024 vai movimentar a cidade de Conceição da Barra, no litoral norte do Estado, de 1º a 04 de agosto. São mais de 40 atrações gratuitas representando diferentes linguagens artísticas.

Neste ano, o festival recebe espetáculos nas áreas de música, teatro, dança, cultura popular tradicional, circo, cinema, literatura e artes plásticas, além de oficinas, rodas de conversa e atividades de formação. 

O Pocar Festival de Cultura conta com o patrocínio do Instituto Cultural Vale, da Suzano e do Ministério da Cultura (Minc), por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); e da Lei Paulo Gustavo e do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult).

Entre as principais atrações do festival estão a icônica cantora e compositora pernambucana Lia de Itamaracá e a poeta e atriz Elisa Lucinda.

Considerada a mais famosa cirandeira do Brasil, Lia de Itamaracá vai se apresentar com a Orquestra Jovem Capixaba – Edição Orquestra da Quebrada, sob a regência do maestro Eduardo Lucas. O espetáculo irá acontecer no dia 03 de agosto, às 20h30, no Palco Maria Fumaça, localizado na praça central da cidade.

Patrimônio vivo do Estado de Pernambuco, Lia de Itamaracá é reconhecida por sua atuação como divulgadora da ciranda no Brasil e no exterior. Nascida em uma família pobre, seu contato com a música se deu por meio dos folguedos católicos celebrados na Ilha de Itamaracá, nos quais aprendeu loas e canções.

Hoje, com 80 anos, a artista desfruta de projeção internacional, com turnês na Europa e músicas sampleadas por DJs. Fazem parte da sua discografia os álbuns “Rainha da Ciranda” (1977), “Eu sou Lia” (2000), “Ciranda de Ritmos” (2008), com incursões no frevo, coco e maracatu, e “Ciranda sem Fim” (2019), produzido pelo DJ Dolores.

Recital

Capixaba de Cariacica, Elisa Lucinda alcançou projeção nacional por meio de sua atuação nos palcos e na literatura. Ela vai apresentar o espetáculo “Na Boca da Palavra”, no dia 02 de agosto, às 20h, na Praça da Matriz, juntamente com sua parceira de palco Geovana Pires. Trata-se de um recital construído dramaturgicamente por meio do mergulho poético na obra de Elisa Lucinda, com o objetivo de levar a sua obra literária ao público pela linguagem teatral.
As atrizes são as criadoras da Casa Poema (RJ), onde desenvolvem a linguagem poética como ferramenta de humanização, tanto no teatro como fora dele. Juntas também criaram a “Companhia da Outra”, cujo método é a força dramatúrgica existente na poesia e na prosa poética.

Música

Outras atrações musicais confirmadas para o Pocar Festival de Cultura são Fábio Carvalho e banda, a cantora Eloá Puri, a Barroco Jazz Band (MG), o Duo Ogó, Gustavo Hemaidan, banda Pôr do Sol, o ajuntamento de sanfona, viola e pandeiro “Mestre Mirtinho”, a banda Outsiders Trip, Cainã e a Vizinhança do Espelho, o grupo Fogumano, Silvia Gomes convida Fernando Procópio, o show “Ancestria”, Saulo Camilo e Banda e o grupo Explode Samba, com a participação da cantora Fabíola Guimarães.

Um dos mais tradicionais representantes da música cubana em atividade no Brasil, o grupo Habana Vieja (BH) vai se apresentar na abertura do festival, no dia 1º de agosto, às 21h, no Palco Maria Fumaça, localizado no Centro da cidade de Conceição da Barra. 

Cultura popular

A cultura popular tradicional será representada pela Banda de Congo Madalenas do Jucu, o Jongo de São Cosme e Damião, o Jongo de Nossa Senhora Aparecida e o tradicional Cortejo da Chegança, na abertura do festival, que faz o percurso da Praça da Matriz até a Beira do Cais.

Artes cênicas

No teatro, destaque para o espetáculo teatral “Trupe Sons do Brasil”, com Rosana Mont’Alverne, Grupo Z de Teatro, Coletivo Ato Falho e a Cia Nós de Teatro e a Cia Circunstância. Entre as atrações circenses destacam-se Lacarta Circo Teatro, com o espetáculo “Os Ciclistas Excêntricos”, e o ator Rodrigo Robleño, com “Viralata: O Palhaço tá solto”. Com 16 anos de atuação nas danças afro-brasileiras, o Grupo Andora vai apresentar o espetáculo “Reisado de Maracatu”. A Mostra Pocar de Cinema e o projeto Literatura a Quilo, da Editora Cousa, completam a diversidade de linguagens artísticas do Pocar.

Ajuntamento de forças

“O Pocar é um ajuntamento de forças, de linguagens, de cultura, uma mostra da diversidade cultural capixaba e brasileira”, celebra Didito Camillo, coordenador do festival, organizado pelo Instituto Cultural Tambor de Raiz. Com sede em Conceição da Barra, a entidade tem atualmente uma escola de arte e cultura no município, realizando aulas e oficinas de formação para crianças e adultos em artes, como violino, coral, dança afro, capoeira, teatro e jongo.

A cerimônia de abertura do festival, no dia 1º, vai contar com uma mostra cultural produzida pelos alunos do instituto, destacando o trabalho de formação desenvolvido pelo Tambor de Raiz. “O Pocar é importante para Conceição da Barra e para o Espírito Santo por permitir que a cultura capixaba se mostre para o público e para artistas de outros lugares, que vêm conhecer e reconhecer a identidade capixaba e dialogar com ela”, acredita Didito Camillo.
 

POCAR FESTIVAL DE CULTURA 2024

Data: de 1º a 04 de agosto
Local: Conceição da Barra, no litoral norte do Espírito Santo
Realização: Instituto Cultural Tambor de Raiz
Patrocínio: Instituto Cultural Vale, da Suzano e do Ministério da Cultura, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet); e da Lei Paulo Gustavo e do Fundo Estadual de Cultura (Funcultura), por meio da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES)
Apoio: Academia de Letras e Artes de Conceição da Barra (ABLA) e NetBarra
Parceria: TVE-ES

Atrações: gratuitas

FESTIVAL NASCEU DA LUTA PELA PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO

O Pocar Festival de Cultura tem histórico de luta e celebração em Conceição da Barra. A primeira edição ocorreu há 11 anos, entre 24 e 30 de janeiro de 2013, em comemoração ao reconhecimento do conjunto arquitetônico que abrange a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a praça e as casas do entorno e o Cais do Porto, à beira do Rio Cricaré, como Patrimônio Histórico e Artístico do Espírito Santo. 

O tombamento definitivo, que garante a proteção ao patrimônio, havia sido garantido pelo Conselho Estadual de Cultura no dia 07 de janeiro, após pressão e mobilização de moradores em protesto ao projeto iniciado pela prefeitura, que visava à transformação da praça em um estacionamento. 

A obra foi embargada, o patrimônio protegido, e, atualmente, muitas das edificações históricas vêm sendo cuidadas e revalorizadas por moradores e comerciantes.

De lá pra cá, o festival, que surgiu sem recursos, a partir da organização da comunidade com artistas solidários à causa, cresceu e consolidou-se em termos de estrutura, público e visibilidade, tornando-se uma referência no calendário de festivais culturais do Espírito Santo.

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