'Corpos atravessados pela pandemia' é a nova exposição da Galeria Homero Massena
Mostra será exibida on-line nas redes da Galeria.
Sob o ponto de vista de duas mulheres de diferentes gerações, a exposição "Corpos Entre Tempos" estreia on-line, na próxima segunda-feira (07), nas redes sociais da Galeria Homero Massena (GHM). A exposição contará com oficinas, conversas, práticas de dança e de arte-educação. Já no dia 1º de julho, a instalação será montada na própria Galeria, no Centro de Vitória.
Como tocar o corpo intocável em plena pandemia? Quais são as tentativas possíveis para materializar esses corpos distantes? As artistas capixabas Bárbara Bragato, 28, e Célia Ribeiro, 69, buscam entrelaçar fotos, desenhos e vídeos à distância para potencializar esse encontro, permeado por diferentes caminhos e histórias – além dos 41 anos de idade entre elas.
A exposição em formato híbrido, criada com uma equipe inteiramente feminina, contará também com conversas com as artistas e propostas de arte educação em torno da temática espaço-tempo-corpo. A exposição terá a instalação montada no espaço expositivo da Galeria Homero Massena no dia 1º de julho de 2021, com possibilidade de abertura ao público, seguindo o Mapa de Risco oficial divulgado pelo Governo do Estado e as recomendações vigentes no período.
"As imagens criadas para essa nova exposição perpassam, de alguma forma, a camada da tela. Enquanto Célia me desenha a partir de vídeos e fotografias da tela, eu a registro em fotografia e em vídeo, por meio de câmeras analógicas, digitais e celulares. São gestos repetitivos e obsessivos para tentar alcançar um corpo distante, para esgotar esses corpos cansados. A tela é, nesse momento, o mundo possível a ser explorado", explica Bárbara Bragato.
Célia Ribeiro conta que o público encontrará registros de percursos do olhar/pensar de cada artista a partir do corpo da outra. "A produção em meio à pandemia foi um desafio instigante e um alento. Digo alento, porque exercitamos a empatia e, nesses tempos em que o descaso com a vida do outro é anunciado sem escrúpulos, a afirmação da empatia é um ato político. Além disso, vivenciamos, as quatro mulheres envolvidas com o projeto, com Karenn Amorim, curadora, e Bruna Afonso, arte-educadora, uma relação de criação coletiva marcada pelo afeto e pela liberdade de expressão. Construímos uma sólida amizade, ainda que distantes fisicamente", diz.
Corpo político
A relação entre as artistas, inclusive, é de corpos que se afetam de forma política: Bárbara e Célia se encontraram pela primeira vez numa manifestação e isso, como todos os encontros posteriores, mostrou para elas sobre a importância de pensar, de viver e de existir a partir de um corpo político. "Creio que nossa identidade surgiu por percebermos uma sintonia com a nossa maneira inquieta, uma vontade de ver e de registrar, uma alegria de vida e, ao mesmo tempo, uma consciência do drama que perpassa a história da humanidade", comenta Célia Ribeiro.
"Nessa exposição, penso que o mais importante são essas experiências e práticas de vida, a tentativa de reintegrar nossos corpos a partir da construção de vínculos e imagens. Nossa troca se dá na tela, porém vai muito além dela. Ela se faz no se reconhecer e no se observar, nas possibilidades de lembrar daquilo que pode ter ficado esquecido. Lembrar que o toque existe e a alteridade também", acrescenta Bárbara Bragato.
Sobre
Bárbara Bragato: Natural de Vitória, Bárbara Bragato (1993) investiga as narrativas construídas nos deslocamentos e traz a memória e o corpo como pontos de partida para seus trabalhos. Atravessada pelos campos da psicanálise, da filosofia e da autoficção, utiliza como ferramentas a fotografia, o vídeo e as imagens de arquivo. Graduada em Comunicação Social e pós-graduada em Imagem - Processos, Gestão e Cultura, no Madalena CEI (SP), cursou também disciplinas de fotografia no International Center of Photography (NY). Realizou uma exposição individual em 2016, pelo projeto Nova Fotografia, no Museu da Imagem e do Som (MIS), e participou de mostras coletivas, como o 15º Paraty em Foco (RJ), 16º Salão Nacional de Fotografia Pérsio Galembeck (SP), 15ª Mostra de cinema independente ABD (ES), Co-Fluir (MG), V Mostra de Projeções Fotoativa (PA), entre outras. Atuou na área de comunicação no Museu de Arte de São Paulo (MASP) e também como arte-educadora na 31ª Bienal de Arte de São Paulo. Em setembro, inicia o Mestrado em Artes Plásticas na Universidade Paris 8, na França. Vive e trabalha em deslocamento.
Célia Ribeiro: Pós-graduada lato sensu com especialização em animação pelo Centro Universitário Senac (2018), é mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em 2001, graduou-se em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, em 1975, e em Educação Artística pela Universidade Federal do Espírito Santo, em 1998. Artista plástica com produção em desenho, gravura, e pequenas animações/gifs, desenvolveu atividades relacionadas ao patrimônio histórico na 6ª Sub-Regional do IPHAN (1993/1998). Entre 2009 e 2012, realizou curadorias pedagógicas da Bienal do Mar, em Vitória, Espírito Santo (parceria com Erly Vieira Júnior), das exposições Silentio, de José Rufino, e URU-KU as disciplinas esquecidas, de Josely Carvalho (Galeria Casarão em Viana, Espírito Santo), e foi responsável pela preparação dos professores da rede municipal e Estadual do Espírito Santo para as exposições itinerantes do Arte Sesc: "Palavras Compartilhadas", de Rosana Ricalde, e "A Poesia da Linha e do Corte", de Lasar Segall.
Ficha técnica da exposição "Corpos Entre Tempos"
Data de abertura da exposição on-line: 07 de junho, segunda-feira
Data de abertura da instalação: 1º de julho, quinta-feira
Artistas: Bárbara bragato e Célia Ribeiro
Curadoria: Karenn Amorim
Arte-educação: Bruna Afonso
Produção: Bruna Afonso
Design: Caterina Bloise
Expografia: Flora Gurgel
Oficinas: Gabriela Moriondo; Paloma Durante
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