14/03/2025 16h45

Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, transformará sonhos em filme

Durante o sono o inconsciente costuma contar muitas histórias através dos sonhos. Esta linguagem mítica repleta de mistérios e revelações será a inspiração para o mais novo filme do Cine Quilombola. Desta vez, a equipe do Instituto Marlin Azul (IMA) levará as oficinas audiovisuais gratuitas para a Comunidade Quilombola de Monte Alegre, em Cachoeiro de Itapemirim, no sul do Espírito Santo.

Com duração de 20 horas, os encontros acontecerão de quinta-feira (20) a domingo (23/03), reunindo participantes de diferentes idades. Os quilombolas e a equipe IMA se juntarão numa roda de conversa para contar e ouvir seus sonhos e, após este bate-papo, eles escolherão juntos como transformar o que contaram em um filme por meio da organização do roteiro, da seleção dos personagens, figurinos, objetos de cena e dos lugares para as gravações.

Com câmeras de celular e equipamentos disponibilizados pelo Instituto Marlin Azul, o grupo percorrerá o lugar onde vive para reunir imagens e sons do cotidiano, memórias, práticas tradicionais, passado e presente, relatos e invenções. Depois, eles vão se juntar novamente para assistir e comentar o material registrado, discutindo de forma coletiva pistas para a edição do filme. O curta-metragem com até 15 minutos resgatará traços da identidade, das crenças e dos jeitos de pensar, viver e de se relacionar numa comunidade quilombola. Após o processo de montagem e finalização, a obra será exibida em sessão aberta e gratuita para comunidade ainda neste ano.

 

Conheça as oficineiras

A imersão dos quilombolas no universo dos sonhos para transformar histórias em filme contará com a participação e orientação de uma equipe de cineastas e pesquisadoras do campo audiovisual, entre elas, Mariana de Lima, Cintya Ferreira e Marcia Medeiros.

Marcia Medeiros é Mestre em Cinema pelo PPGCine/Universidade Federal Fluminense (UFF). Trabalha na área de audiovisual desde a década de 90 como diretora e editora. Editou diversas séries para a TV como “Vítimas Digitais” e “Liberdade de Gênero” (de João Jardim - GNT), “The Voice Kids” (Rede Globo), “Que Marravilha!” (GNT). Como diretora, dirigiu as séries “O Bom Jeitinho Brasileiro” (Canal Futura), “Capoeira no Mundo” (TV Brasil) e “Globo Ciência” (Rede Globo). Dirigiu e editou videoclipes e vídeo-artes sobre diversos artistas como Pedro Luís, Anna Ratto, Carlos Zilio e Anna Bella Geiger. É colaboradora em diversos projetos formativos de interlocução entre Cinema, Educação e Práticas de Cuidado: “Redução de Danos - Um Olhar de Dentro” (Ministério da Saúde); “Revelando os Brasis” – (Petrobras e Instituto Marlin Azul - 2004 a 2018); Curta Vitória a Minas (Instituto Cultural Vale e IMA - 2016 a 2024) e Cinemar (Casa Jangada).

Quem também estará junto será Cintya Ferreira, formada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e mestra pelo PPGCine/UFF com a dissertação “Filho da Lua: Zózimo Bulbul e as aproximações entre Compasso de Espera e Alma no Olho”. Trabalha com montagem e já editou para portais jornalísticos e para curtas-metragens independentes. Compõe o Laboratório de Pesquisa e Experimentação em Imagem e Som (Kumã-RJ) e, desde 2020, coordena grupos e oficinas de experimentação audiovisual com alunos e professores da rede básica. Integrou o núcleo de educação da 13ª e 14ª Mostra de Cinema e Direitos Humanos.

Mariana de Lima fez graduação em Cinema pela UFF, onde é mestranda pelo PPGCine. Tem interesse nas relações entre a criação de imagem e políticas comunitárias. Integra a Associação Mulheres Coralinas, na Cidade de Goiás, e mantém vínculo com o Kumã. A equipe de oficineiras se completa com a participação da coordenadora do Instituto Marlin Azul, Beatriz Lindenberg, responsável pela criação e o desenvolvimento de projetos sociais de formação, produção, difusão e inclusão audiovisual em parceria com comunidades tradicionais e junto a estudantes de escolas públicas.

 

O que é o projeto

O Cine Quilombola é um projeto de fortalecimento comunitário através do registro audiovisual dos saberes e fazeres tradicionais das comunidades quilombolas, pelo olhar dos próprios moradores junto com a equipe IMA. A ideia é estimular, nas comunidades, o uso do audiovisual como estratégia de criação, invenção e também de preservação, memória, valorização, registro e difusão das práticas e saberes ancestrais.

A ação foi contemplada pelo edital 04/2023 – Seleção de Projetos de Valorização da Diversidade Cultural Capixaba. A realização é do Instituto Marlin Azul com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), através da Secretaria da Cultura (Secult). A iniciativa conta com o apoio da Coordenação Estadual Quilombola do ES Zacimba Gaba, da Confederação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e da Comunidade Quilombola de Monte Alegre.

 

Histórico

A primeira edição do Cine Quilombola foi realizada em 2021, no sul do Espírito Santo, e resultou nos seguintes documentários: “Do Lado de Cá”, da Comunidade Quilombola de Graunha (Itapemirim); “Vamos em Batalha”, das Comunidades Quilombolas de Cacimbinha e Boa Esperança (Presidente Kennedy); “Era Caminho Deles”, da Comunidade Quilombola de Pedra Branca (Vargem Alta); “Ninguém Canta Igual Eu Canto”, da Comunidade Quilombola de Monte Alegre (Cachoeiro de Itapemirim).

No ano de 2023, o projeto ampliado recebeu o nome de Cinema de Griô e se estendeu para Conceição da Barra, no Território do Sapê do Norte, culminando na produção das obras “O Vento não tem Morada”, da Comunidade Quilombola do Córrego do Alexandre (Porto de São Benedito), Comunidade Quilombola Porto Grande e Comunidade Quilombola de Santana; “Abre Caminho”, da Comunidade Quilombola do Angelim II; e “Jangolá”, da Comunidade Quilombola do Linharinho. 

No ano seguinte, em 2024, numa nova edição do Cine Quilombola, a Comunidade Quilombola do Linharinho, no norte do ES, voltou a reunir integrantes de diferentes gerações para uma nova vivência audiovisual, desta vez para transformar em filmes histórias guardadas durante os sonhos. O resultado foi a realização dos curtas-metragens “Sonhos” e “Comadres”.

 

O Instituto Marlin Azul

O Instituto Marlin Azul é uma associação sem fins lucrativos criada em 1999 cuja finalidade é promover ações direcionadas à cultura, à arte e à educação, democratizando o acesso à produção e fruição de bens culturais. Em 25 anos de atividade, a instituição vem desenvolvendo diversos projetos sociais, culturais e audiovisuais voltados para diferentes públicos do Espírito Santo e do Brasil. Além do Cine Quilombola, a instituição realiza ações como o Revelando os Brasis, Projeto Animação, Curta Vitória a Minas, Griôs de Goiabeiras, Memória do Barro, Cinema de Griô e o Cine Animazul. Para conhecer os projetos, acesse institutomarlinazul.org.br.

 

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