Coletivo Palavra Negra lança websérie e podcast com literatura afro-brasileira produzida no Estado
Grupo comemora sete anos de atividades com o lançamento de dois novos projetos, a partir de 24 de setembro, consolidando-se como um dos grandes fomentadores da literatura de autoria negra do estado e do país
Proporcionar visibilidade para a literatura afro-brasileira, em especial a que se produz no Espírito Santo, e estimular o interesse de consumo por esta vertente literária: esses são alguns dos principais objetivos do Coletivo Palavra Negra, formado por Adriano Monteiro, Daiana Rocha, Janio Silva e Maicom Souza. O grupo comemora sete anos de atividade e amplia seu campo de atuação com o lançamento de dois novos projetos, consolidando-se como um dos grandes fomentadores da literatura de autoria negra do Estado e do País.
O primeiro trata-se da websérie Palavra Negra: Entrevista, que, como o próprio nome indica, é um programa de entrevistas reunindo cinco escritores e escritoras de diversos gêneros literários, com exibição semanal. Sua estreia será no próximo dia 24 de setembro, no canal oficial do coletivo Palavra Negra no YouTube. O projeto foi selecionado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, do Ministério do Turismo, por meio da Secretaria da Cultura (Secult).
Paralelamente, no dia 03 de outubro estreia o Podcast Palavra Negra, que reunirá bate-papos com outros autores e autoras sobre produção literária, relações raciais no país e histórias de vida. Serão ao todo 10 programas disponibilizados na plataforma Spotify. O Podcast Palavra Negra é um projeto selecionado pelo Edital de Incentivo à Leitura da Secretaria da Cultura (Secult).
A live de lançamento dos projetos acontece no dia 25 de setembro, às 19h, no canal do Palavra Negra no YouTube, com a participação de integrantes do Coletivo e tendo como convidados o escritor e professor do Departamento de Línguas e Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Ufes, Jorge Nascimento; e pesquisadora e gerente de Educação do Campo, Indígena e Quilombola da Secretaria de Estado da Educação (Sedu), Valquíria Santos Silva.
Um dos fundadores do Coletivo Palavra Negra, o produtor Adriano Monteiro entende que os projetos são complementares, com especificidades relacionadas à proposta estética e linguagem característicos de cada atividade. “Essas conversas, os encontros com esses autores e autoras, foi um momento muito importante e muito rico. Eu diria que inédito no Espírito Santo. Sua relevância está em termos conhecido uma diversidade na produção de uma literatura de autoria negra e na qualidade dessa produção. Por outro lado, foi descobrir que principalmente as escritoras negras ainda possuem dificuldades de publicar seu primeiro livro”, complementa.
A partir de uma pesquisa realizada pelo coletivo de escritores negros e negras residentes no Estado, o critério estabelecido de seleção era a publicação de ao menos um livro. Nesse sentido, os projetos conseguiram abarcar diversos gêneros literários, passando pela poesia, contos, romance, ensaios e trabalhos acadêmicos.
Participam do Palavra Negra: Entrevista os escritores Douglas Freitas, Gustavo Forde, Larissa Pinheiro, Lavínia Coutinho Cardoso e Marciel Cordeiro. Cada episódio da websérie conta com uma intervenção poética de slamers, como são chamados os poetas que participam de slams, as “batalhas de poesia”. Afronta, Ira, João Martins e Júpiter foram os slamers convidados.
Para o Podcast Palavra Negra foram convidados Edson Bomfim dos Santos, Jhon Conceito, Juane Vaillant, Marcéu Rosário, Osvaldo Oliveira, Stel Miranda e Wagner Silva Gomes, além da participação de Adriano Monteiro e Janio Silva.
Em comum entre ambos os lançamentos estão a criatividade e o desejo de expressão literária por parte de um segmento da sociedade historicamente obscurecido pela literatura dominante. “Por meio do Palavra Negra promovemos o resgate de autores negros que foram invisibilizados pelos séculos pelo racismo estrutural da sociedade brasileira. É uma produção potente, relevante, que contempla nomes como Maria Firmina dos Reis, Lima Barreto, Carolina Maria de Jesus, Abdias do Nascimento, Solano Trindade, Carlos Assumpção. O processo de embranquecimento de Machado de Assis diz muito sobre como os autores negros foram invisibilizados durante todo esse tempo”, observa.
Trajetória
Fundado em 2014, o Coletivo Palavra Negra consiste em uma marca que une a produção artística e pedagógica com a proposta de difundir a literatura desenvolvida por escritores e escritoras negros. Sua atuação compreende as plataformas virtuais, com a utilização da linguagem audiovisual, e também as salas de aula, em consonância com a Lei 10.639/2003, que torna obrigatório o ensino da história e da cultura afro-brasileira e africana nas escolas públicas e particulares.
Composto pelos artistas Adriano Monteiro, Daiana Rocha, Janio Silva e Maicom Souza, o Coletivo Palavra Negra estreou em 2016 a websérie homônima, exibida no canal do coletivo no YouTube, na qual jovens poetas negros e negras recitavam textos autorais e textos de autores esquecidos pela literatura hegemônica, que colocavam em discussão temas como o racismo, a mortalidade da juventude negra, o cotidiano das comunidades, a violência policial nas periferias e a desigualdade étnica, entre outras temáticas propostas diretamente para a reflexão. A primeira temporada contou com 28 episódios, e também homenageou as escritoras capixabas contemporâneas Suely Bispo e Elisa Lucinda. A websérie obteve projeção nacional e internacional, atingindo uma marca próxima a 200 mil visualizações no YouTube.
A segunda temporada, lançada em 2018, reuniu 18 episódios e algumas novidades que demonstraram a preciosidade do projeto. Foram selecionados quatro jovens artistas e poetas da Grande Vitória - Felipe Rocha, Jaiara Dias, Luiza Vitório e Winny Rocha -, além da presença de dois convidados especiais: a poeta, atriz, bailarina e pesquisadora Suely Bispo e o artista multimídia paulista Jairo Pereira. Eles recitaram poesias autorais e de poetas de várias regiões do Brasil, selecionados após uma convocatória nacional. Entre os textos escolhidos estavam autores da Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Pará, Pernambuco e São Paulo.
Em 2019, o Palavra Negra migrou do universo digital para as salas de aula, por meio do projeto Palavra Negra nas Escolas, também selecionado pelo Edital do Funcultura da Secretaria de Estado da Cultura. A iniciativa proporcionou a realização de diversas oficinas do Coletivo em escolas da Rede Pública Estadual e municipais, localizadas em bairros de vulnerabilidade social, nos municípios da Grande Vitória. “Nas oficinas trabalhávamos um pequeno histórico da literatura afro-brasileira ou da literatura negra no Brasil, com algumas curiosidades, mostrando como o racismo é tão naturalizado em nosso cotidiano. Também fazíamos dinâmicas de escrita criativa com os alunos e no final um pequeno sarau com a turma”, lembra Adriano Monteiro.
Outras ações nesse sentido estão sendo preparadas para 2022. Dessa forma, o Coletivo Palavra Negra cumpre seu objetivo de promover a representatividade negra nos âmbitos social, cultural e educacional.
CRONOGRAMA DE LANÇAMENTO:
Websérie Palavra Negra: Entrevista
Datas: 24 de setembro (estreia), 01, 08, 15 e 22 de outubro
Horário: 19h
Onde assistir: Canal do Palavra Negra no YouTube
https://www.youtube.com/channel/UCYBM3V8lfVoTO_NzuOKVZFw
* Live de Lançamento: 25 de setembro, às 19h, no canal do Palavra Negra no
YouTube.
Participantes:
Jorge Nascimento
Escritor. Professor do Departamento de Línguas e Letras e do Programa de Pós-Graduação em Letras da Ufes. Desenvolve pesquisas nas áreas de literatura marginal e RAP.
Valquíria Santos Silva
Gestora educacional, mestranda em Ensino da Educação Básica pelo PPGEEB (Ufes). Pesquisadora em Educação Racial e Educação Popular. Gerente de Educação do Campo, Indígena e Quilombola da Secretaria de Estado da Educação (Sedu).
Adriano Monteiro
Jornalista e Cientista Social. Mestre em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Diretor, roteirista, produtor cultural e pesquisador. É idealizador e membro do Coletivo Palavra Negra. Dirigiu e roteirizou o curta-metragem de “Guri” (2019) e “Live” (2020).
Mediação:
Daiana Rocha
Diretora, produtora e fotógrafa. Graduada em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal do Espírito Santo. Integrante do Coletivo Palavra Negra e sócia da produtora de audiovisual BULE Estúdio Criativo.
Podcast Palavra Negra
Datas: 03 de outubro (estreia), 06, 10, 13, 17, 20, 24, 27 e 31 de outubro; 03 de
novembro.
Horário: 19h
Onde acompanhar: Spotify
Realização:
Coletivo Palavra Negra
BULE Estúdio Criativo
Apoio:
O Palavra Negra Entrevista foi selecionado pela Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, do Ministério do Turismo, por meio da Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult-ES)
O Podcast Palavra Negra foi selecionado pelo Edital de Incentivo à Leitura da Secretaria de Estado da Cultura (Secult-ES).
Escritores e escritoras - Palavra Negra Entrevista:
Douglas Freitas
Escritor carioca que cresceu em Cariacica, Espírito Santo. Professor de Língua e Literatura Inglesa pela Universidade Federal do Espírito Santo, ele divide seu tempo entre aulas e escrita de ficção, além de criar conteúdo em seu site, douglasfreitas.art.br. “Adsumus”, coletânea de dez contos, é a sua primeira obra publicada.
Instagram/Twitter/Wattpad: @doug_lasfreitas
Gustavo Forde
Doutor em Educação e professor do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, onde atua na área da Educação das Relações Étnico-Raciais. É membro do Núcleo Capixaba de Pesquisa em História da Educação (NUCAPHE/Ufes) e do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros (NEAB/Ufes). Desenvolve estudos e pesquisas em afrodescendência e relações étnico-raciais na educação, com interesse especial nos campos da história da educação, do movimento negro e do ensino de matemática.
Larissa Pinheiro
Escritora, poeta capixaba, modelo e graduanda em Serviço Social pela Universidade Federal do Espírito Santo. De origem humilde, veio ao mundo em 1997 e foi criada em Vila Velha, Espírito Santo. Com 22 anos lançou seu primeiro livro de coletânea de poesias intitulado “Janela da Alma”, que escreveu a partir dos 12 anos de idade. É apaixonada por poesias, pelas singelas coisas da vida, sempre com amor e respeito a toda forma de diversidade. Larissa acredita no poder acalentador e transformador das artes, especialmente a literária. É aquela pessoa que levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima. Larissa é uma flor que a cada dia desabrocha. É uma menina de alma poética.
Instagram: @iamlaripinh
Lavínia Coutinho Cardoso
Capixaba, nascida na ilha de Vitória (ES) em 30 de setembro de 1967. Filha do casal Oliveira Cardoso e Hildete Coutinho Cardoso. Omo orixá, historiadora formada pela Universidade Federal do Espírito Santo. Mestra em História Social das Relações Políticas (Ufes), pós-graduada em História Política (Ufes), pós-graduada em Mídias na Educação (Ufop). É professora de História da Prefeitura Municipal de Vitória e pesquisadora e membra do colegiado do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros NEAB/Ufes. Ativista negra e militante do Movimento Negro do Círculo Palmarino e do Núcleo Estadual de Mulheres Negras do Espírito Santo. Tem publicações na área de educação, história do Brasil: escravidão e liberdade no século XIX, religiosidade afro no Brasil e narrativas de mulheres negras no Espírito Santo. É autora do livro “Revolta do Queimado”, considerada a mais significativa revolta escrava do estado do Espírito Santo, que foi publicada no ano de 2020 pela Editora Appris. Atualmente pesquisa e escreve sobre narrativas de construção do movimento de mulheres negras no Espírito Santo e no Brasil. Atua como professora de cursos de formação de professores sobre educação para relações étnico- raciais e história das religiões de matriz africanas no Brasil.
Facebook / Instagram: @laviniacoutinhocardoso
Marciel Cordeiro
Escritor. Graduado em Serviço Social. É o autor do livro “Caminho para Texas”, publicado pela editora Cousa em 2019. Publicou contos e poemas em antologias.
Facebook / instagram: @marciel.cordeiro
Adriano Monteiro
Jornalista e Cientista Social. Mestre em Comunicação e Territorialidades pela Universidade Federal do Espírito Santo. Diretor, roteirista, produtor cultural e pesquisador. É idealizador e membro do Coletivo Palavra Negra. Criador da Websérie Palavra Negra. Dirigiu o curta-metragem de “Guri” (2019) e “Live” (2020). Também é membro do Damballa, o primeiro coletivo de cineastas negrxs do Espírito Santo.
Instagram: @adrixblack
Edson Bomfim dos Santos
Bacharel em Filosofia e mestrando em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Espírito Santo. Pesquisador do Núcleo de Estudos em Transculturação, Identidade e Reconhecimento (NETIR/Ufes). Autor dos livros “Ensaios na perspectiva da emancipação negra no Brasil” e “Ensaios sobre religiosidade, racismo, educação e laicidade”. É também Membro da Coordenação Nacional e Estadual do Movimento Nacional Quilombo Raça e
Classe. Membro da Coordenação Estadual da CSP – Conlutas/ES. Membro do Diretório Municipal de Vitória do Partido Socialismo e Liberdade/PSOL. Membro do Setorial Nacional de Negras e Negros da CSP – Conlutas. Membro da Associação Brasileira de pesquisadores Negros - ABPN. Coordenador Nacional da corrente Liberdade e Revolução Popular - LRP/PSOL.
Instagram: @bomfime
Janio Silva
Tem 27 anos. É escritor, produtor cultural, arte-educador e bacharel em Serviço Social. Cofundador do coletivo Literatura MarginalES em 2012. Foi membro do Fórum Estadual da Juventude Negra do Espírito Santo (Fejunes) entre 2013 e 2017. Foi orientador social do Núcleo Afro Odomodê entre 2015 e 2017 e administrador do Centro de Referência da Juventude do município de Vitória entre 2019 e 2021. Desde 2016 integra o Coletivo Palavra Negra. Publicou o livro de poemas “Pedaços da Noite”, em 2017, e o livro de poemas “Bonde”, em 2018. É pesquisador no âmbito das políticas públicas para juventude e criador do projeto Entrecemlinhas, que visa desenvolver ideias que possam ser multiplicadas na área da cultura, geração de renda e desenvolvimento comunitário.
Instagram: @janiosilva027 / @entrecemlinhas
Jhon Conceito
Capixaba de Vila Velha, amante e defensor da arte poética; aventurou-se com êxito na música, mais precisamente, no universo do rap, com o codinome Akiri Conakri.
Instagram: @jhon.conceito
Juane Vaillant
Capixaba, é produtora audiovisual, cultural, escritora, palestrante e educadora social. Aos 31 anos, traz em seu currículo renomados trabalhos na área da literatura, arte, cinema e música. Atua com o coletivo literário Boa de Prosas, assinou e participou de diversas produções cinematográficas, clipes e documentários. É autora do livro “O Mundo de cá”, lançado em 2015, pela editora Pedregulho. Hoje comanda as apresentações do canal de cultura nerd e periférica “Vai vendo”.
Instagram: @juanevaillant
Marcéu Rosário
Poeta, dançarino, beatboxer, ator e desenhista. Lançou os zines “lagrimagma”. É autor dos livros “Ilusão Surto de Inspiração”, “Cor Ação Podre Dão” e “Carrego a Chuva em Meus Olhos”. Além de realizar trabalhos em curta- metragem e atuar em coletivos importantes no cenário capixaba, Marcéu é também integrante do coletivo Poesia Inútil.
Instagram: @poesiainútil / @ronalmc
Osvaldo Oliveira
Licenciado em Filosofia. Possui mestrado e doutorado em Antropologia Social. É professor associado da área de Antropologia do Departamento de Ciências Sociais e no Programa de Pós-graduação de Ciências Sociais da Universidade Federal do Espírito Santo, e também é pesquisador associado ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/Ufes). Publicou os livros: “Cultura Quilombolas do Sapê do Norte: Farinha, Beiju, Reis e Baile dos Congos” (2009) e “Cleber Maciel. Negros no Espírito Santo” (2016). Seu mais recente livro chama-se “Projeto Político de um Território Negro: memória, cultura e identidade quilombola em Retiro, Santa Leopoldina-ES” (2019).
Stel Miranda
Escritor, produtor, músico e ativista. Foi membro do Conselho Gestor do Programa Conjunto-ONU em Vitória, acumulando sete certificações pelas Nações Unidas e ganhando o prêmio Mérito Juvenil “THE AWARDS FOR YOUNG PEOPLE”, entregue pela UNO-DC. Foi vice-presidente do Conselho Gestor do Centro de Artes e Esportes Unificados de Vitória (CEU). É membro fundador da Fraternidade Periférica Unida e da AŞA - Cultura & Arte. Trabalhou na produção de filmes capixabas e em diversos aparelhos públicos e privados ligados à arte, cultura e juventude.
Facebook: @miranda.stel Insta:@stelmiranda Twitter: @StelMiranda_
Wagner Silva Gomes
É licenciado em Letras-Português pela Universidade Federal do Espírito Santo. Pós-graduado em Cinema e Linguagem Audiovisual pela Universidade Estácio de Sá. Mestrando em Letras pela Ufes. Poeta, romancista, professor e educador social. É colunista no site blogletras.com. Autor dos romances “Classe Média Baixa” (Editora Pedregulho, 2014); “Nix: Microfone por Tubos de Ensaio” (Editora Pedregulho, 2018); e “Qual é o Esquema da Parada” (Editora Pedregulho, 2020). Foi integrante do programa de rádio TEDESOM (Teatro do Desoprimido – Rádio Universitária FM, Ufes) interpretando o papel de Malcom-X.
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