02/08/2023 15h11 - Atualizado em 02/08/2023 19h46

Casa da Música Sônia Cabral recebe ensaios da Orquestra Brasileira de Cantores Cegos

Os ensaios, iniciados em junho, seguem até o mês de novembro (Foto: Julio Gabriel)

Em três meses, o espetáculo “Orquestra Brasileira de Cantores Cegos” fará sua estreia em Vitória, e a equipe do projeto vem se dedicando arduamente aos ensaios e à construção dessa obra. Semanalmente, sempre às segundas-feiras, a Casa da Música Sônia Cabral, no Centro de Vitória, tem servido de sede para os artistas, diretores e produtores. Lá, além da pesquisa de dramaturgia cênica e do trabalho com os cantores cegos, são realizados experimentos de luz e desenvolvidos cenários e figurinos, à medida que o processo evolui.

Nesta semana, a Secretaria da Cultura (Secult) acompanhou parte dos ensaios do projeto, que traz em seu elenco 16 pessoas com deficiência visual. Uma das integrantes desse grupo é Maria Trancoso, que há muito tempo alimentava o sonho de participar de um grande coral em uma produção de alto nível. 

“Finalmente estou tendo essa oportunidade e posso juntar minha voz a outras belíssimas vozes. Apesar de algumas dificuldades iniciais, principalmente com os arranjos, tem sido um processo tranquilo. O maestro e a pianista nos ajudam bastante. E o apoio dos colegas é fundamental. Ajudando uns aos outros, conseguimos superar os obstáculos”, ressalta.

Sayonara Reis, que também compõe o elenco do espetáculo, afirma que ter sido selecionada para o projeto a fez descobrir um talento que nem mesmo ela acreditava ter. “Eu amo cantar e estou tendo a oportunidade de aperfeiçoar minha voz. Tem sido uma experiência incrível. E a interação entre os colegas é muito boa. Nós vamos aprendendo uns com os outros. Cada um tem um pouco a ensinar.”

A maioria dos artistas do elenco nunca havia cantado em coral (Foto: Jonatas Sobral)A maioria dos artistas do elenco nunca havia cantado em coral (Foto: Jonatas Sobral)

Fruto de uma iniciativa da Soca Brasil e do coletivo Cia Poéticas da Cena Contemporânea, o espetáculo Orquestra Brasileira de Cantores Cegos tem patrocínio da ES Gás, viabilizado pela Lei de Incentivo à Cultura Capixaba (LICC), da Secult.

A seleção dos artistas aconteceu nos meses de abril e maio. A primeira etapa foi por meio de envio de áudio pelo Whatsapp, com os interessados cantando um trecho de música escolhida por eles mesmos. Em seguida, houve uma audição, na Casa da Música Sônia Cabral, conduzida pelo maestro, regente e cantor Thomas Davison, professor da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames) – atualmente responsável pela preparação vocal do elenco.

Os ensaios, iniciados em junho, seguem até o mês de novembro. Durante todo esse período, os participantes recebem uma bolsa de R$ 400 por mês. Além disso, receberão um cachê de R$ 300 por apresentação, quando o espetáculo entrar em cartaz.

Repertório

A “Orquestra Brasileira de Cantores Cegos” conta com 15 canções e arranjos de vozes acompanhadas por um piano. A pesquisa de repertório ficou sob responsabilidade de Renata Mattar, que percorre o Brasil inteiro registrando cantigas ancestrais, geralmente relacionadas a atividades de trabalho e de autoria desconhecida.

“São obras belíssimas do cancioneiro popular brasileiro. Com o elenco, estou trabalhando especificamente técnicas vocais e aspectos rítmicos, mas é também um trabalho que envolve a sensibilidade de cada um. Por isso, busco encontrar junto com eles uma compreensão dessas canções a partir do que elas lhes dizem intimamente e das habilidades sensoriais aguçadas que eles desenvolveram”, diz o maestro Thomas Davison.

De acordo com ele, os ensaios seguem com trabalhos em coro de duas a quatro vozes simultâneas. A maioria dos artistas do elenco nunca havia cantado em coral. Até então, cantavam por prazer, em suas casas, em suas comunidades. Descobriram-se cantando dessa forma e decidiram participar da seleção.

Ao mesmo tempo que aprendem, os cantores agregam às canções suas próprias identidades (Foto: Julio Gabriel)Ao mesmo tempo que aprendem, os cantores agregam às canções suas próprias identidades (Foto: Julio Gabriel)

“É a primeira vez que eles formam um grupo. Isso é bem diferente de cantar sozinho. Requer desenvolvimento. E tem sido uma experiência fantástica conseguir fazê-los cantar juntos. O desempenho deles é surpreendente. Ao mesmo tempo que aprendem e desenvolvem as técnicas, agregam às canções suas próprias identidades. Eles têm mostrado que são muito qualificados e o resultado está ficando mais lindo a cada dia”, observa o maestro.

Como consequência da deficiência visual, os cantores cegos têm outras habilidades sensitivas muito aguçadas – sobretudo a audição. E esse é um dos aspectos que mais chama a atenção de Thomas Davison ao longo do trabalho. “Passamos o material para escutarem e estudarem em casa, cada um explorando seu timbre e alcance de voz. E eles entregam um resultado impressionante. Reproduzem com facilidade o que escutam. São muito sensíveis ao ritmo. Além disso, como eles não me enxergam, conduzo a regência do coro produzindo sons com minhas mãos, estalando os dedos, batendo palmas, e também batendo os pés”, conta.

O espetáculo “Orquestra Brasileira de Cantores Cegos” entra em cartaz no mês de novembro, com três apresentações no Centro Cultural Sesc Glória. Todas com entrada gratuita. Duas delas serão destinadas a alunos da rede pública, do ensino fundamental ao médio, passando pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) – com oferta de ônibus para o transporte até o teatro.



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