Artistas se unem para pintar mural em Porto Grande, Guarapari

Porto Grande, comunidade de pescadores artesanais próxima ao balneário de Meaípe, vem ganhando destaque pela arte. A novidade do momento é uma pintura em um muro de mais de 200 metros quadrados, com um mural de autoria coletiva da artista internacional multimídia Chris Barreto, do destacado grafiteiro Starley Bonfim e de Wally Almeida, jovem artista autodidata originário de Porto Grande.
A valorização da memória pessoal e coletiva do bairro, que tem cerca de 500 habitantes e é um dos locais com menor renda per capta do município de Guarapari, é um dos objetivos centrais do projeto Origens, que busca refletir os saberes e fazeres das matriarcas e patriarcas locais, destacando suas raízes negras e indígenas, além de chamar atenção para a importância da preservação ambiental.
Wally diz que a experiência de intercâmbio com os outros artistas tem trazido grandes aprendizados e ideias. “Fiquei surpreso com as histórias das pessoas mais antigas do bairro, foi uma coisa surpreendente”, conta o artista de 22 anos. “Me sinto realizado e honrado com esse mural, que para mim está sendo impactante, uma coisa que me representa”, diz.
A ação de pintura, realizada na rua principal do bairro, no caminho da escola, é de grande importância tendo em vista a urbanização acelerada do entorno do local, que há cerca de uma década atrás vivia um clima semirrural. Localizado entre a praia e a Lagoa Mãe-Bá, com população ribeirinha de fortes laços parentais, Porto Grande é um lugar de muita beleza natural, mas também de forte cobiça imobiliária, que vem acelerando o processo de destruição da mata e poluição das águas.
Capixaba que viveu a maior parte de sua carreira artísticas em Nova York, Chris Barreto voltou ao Brasil depois de 25 anos nos Estados Unidos, durante a pandemia de Covid-19. Como sua família é de Guarapari, buscou um lugar tranquilo para criar um ateliê, e assim se instalou em Porto Grande, onde conheceu Wally de Almeida e começaram a planejar projetos juntos, incluindo também Starley, que já vinha desenvolvendo parcerias no local.
“Nós criamos uma sincronia muito forte entre nós com nossa força de trabalho, uma convivência afetuosa e nossa afinidade em criar arte urbana para trazer consciência social, valorizando nossas raízes afro-indígenas no cenário capixaba”, comenta Chris, que foi proponente do projeto.
O projeto é uma realização do Fundo de Cultura do Estado (Funcultura), por meio da Secretaria da Cultura (Secult), com recursos da Lei Paulo Gustavo (LPG), do Ministério da Cultura (MinC), com apoio da Real Empreendimentos e Linconvix Alpinismo e Serviços Industriais.
Starley classifica a experiência de imersão como uma honra, destacando o talento de seus colegas, uma artista com trajetória internacional e um jovem com uma personalidade cativante. Mas o trabalho não foi nada fácil de ser realizado.
“Entre muito sol e muito chuva, a experiência tem sido enriquecedora, com desafios singulares que exigem muita concentração e esforço físico de nossa parte, mas nada que roube o brilho e a importância do que estamos materializando na comunidade, que, por sinal, têm nos dado uma resposta muito positiva em relação à obra. É legal ver a reação das crianças diante dos desenhos, tudo isso é muito inspirador”, comenta Starley.
Ele conta que o mural em Porto Grande é apenas o início do projeto Origens. A ideia é realizar o trabalho inicialmente em outras comunidades da região da Lagoa de Mãe-Bá e logo expandir a atuação, tendo entre os objetivos realizar intercâmbios em outros países, como os Estados Unidos, onde Chris Barreto desenvolveu boa parte de sua trajetória nas artes.
Saiba mais sobre o projeto Origens em sua página oficial no Instagram: www.instagram.com/origens2025.
Biografias dos artistas
Wally Almeida é um jovem artista autista de 22 anos, nascido em Meaípe e criado em Porto Grande. Autodidata, começou a desenhar na areia aos 4 anos e hoje transforma muros e telas em verdadeiras obras de arte. Em 2020, pintou seu primeiro mural durante a pandemia na casa da designer Tânia Vivacqua, que reconheceu seu talento e passou a apoiar e gerir sua carreira artística. Desde então, Wally espalhou cor por várias cidades do Espírito Santo, teve obras expostas e vendidas em Portugal e hoje é um dos artistas do projeto Origens, selecionado pela Lei Paulo Gustavo, criando um mural coletivo ao lado de Starley Graffiti e Chris Barreto, celebrando as raízes de Porto Grande.
Capixaba que viveu mais de 20 anos em Nova York (Estados Unidos), Chris Barreto é uma artista multimídia que mistura sua raiz indígena com Pop Art e Graffiti. Já teve obras expostas no Museu Guggenheim e no Museu de História Natural, participou da NYFW, e até Madonna vestiu uma de suas criações! Com exposições em museus internacionais e um trabalho marcante com os povos originários, Chris une arte, ancestralidade e sustentabilidade de forma única. Em 2024, passou um ano com os Pataxós em Caraíva criando obras com materiais naturais.
Starley Bonfim é artista urbano, fundador do coletivo FG Crew e diretor do iÁ Estúdio. Atua com graffiti desde 2010, trazendo rostos e histórias da afrodiáspora para os muros das cidades. Seus murais realistas disputam narrativas nas paisagens urbanas, representando a força e a beleza da população negra. Já levou sua arte para Dinamarca, Suécia e Noruega, além de criar obras marcantes no MUCANE, UFES e com a ONG Médicos Sem Fronteiras. Foi reconhecido por prêmios como a Comenda Rubem Braga e o Prêmio Trajetórias.
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