04/06/2019 14h44

Artista propõe experiências clínicas para promover a cura do racismo

A partir do dia 11 de junho, a Galeria Homero Massena recebe a exposição O Trauma É Brasileiro, de Castiel Vitorino Brasileiro.

A colonização europeia foi responsável por impor o projeto de civilização cristã, branca e cisgênera às custas do extermínio e o silenciamento de inúmeros povos que aqui já habitavam, bem como a mutilação de muitos de outras culturas que para cá foram trazidos da África como mão de obra escrava. Trata-se de um trauma sócio-histórico responsável por adoecimentos do Brasil contemporâneo manifestados através do racismo, do machismo e da LGBTfobia. Da encruzilhada entre os campos da arte, da psicologia e do curandeirismo, a exposição O Trauma É Brasileiro é a primeira individual de Castiel Vitorino Brasileiro e põe o dedo ao mesmo tempo que propõe um alívio temporário dessa chaga civilizatória brasileira e latino-americana. 

Aberto à visitação a partir do próximo dia 11 de junho, na Galeria Homero Massena, no Centro de Vitória, esse trabalho contará com a atualização da instalação Quarto de Cura e com atendimentos individuais, aos modos das benzedeiras, entre a artista e o público. Ao questionar a herança colonial a partir da afirmação da cultura Bantu, a exposição denuncia como o apagamento da diferença, a imposição de um modelo cultural e o racismo fundaram a sociedade brasileira e vai além: compartilha com o público a investigação da artista em busca da cura do trauma racista e LGBTfóbico.


Além das visitações e dos encontros clínicos com Castiel, a exposição contará com uma mesa de conversa e com o lançamento de um catálogo que acontecerão no mês de julho. Grupos também poderão fazer visitas guiadas mediante agendamento prévio. Quem assina o projeto de arte educação é a artista e doutora em Educação Kiusan Oliveira. O Trauma É Brasileiro conta com recursos do Fundo de Cultura do Estado do Espírito Santo (Funcultura), por meio do Edital 019/2018 - Seleção de Projetos de Exposições de Artes Visuais.

Uma clínica efêmera para uma cura perecível

O Trauma É Brasileiro propõe uma experiência de cura e parte de uma cartografia que Castiel tem feito no Morro da Fonte Grande, no Centro de Vitória - comunidade em que a artista nasceu e passou a infância com a família. Nessas visitas, seja presencialmente ou por meio do acesso a algumas memórias, ela tem atualizado os saberes Bantu que organizaram o modo de vida aquilombado de seus familiares. O Quarto de Cura, instalação que já havia sido apresentada ao público em outros dois momentos, reúne obras criadas desde julho de 2018 a partir das investigações da história familiar da artista e de registros de suas andanças por esse território temporal e geográfico: são fotografias, textos, mandingas, indumentárias e outros objetos.

 Graduanda do 9º período de Psicologia da Ufes, Castiel recorre a diferentes fontes de saber e critica clínica psicológica tradicional ao tratar da cura de traumas brasileiros. Sua poética evidencia como adoecimentos corpóreos estão sendo produzidos por demandas sociais que são brasileiras. 

“Quando digo que há um trauma que é brasileiro, faço um convite à psicologia a pensar os adoecimentos produzidos no Brasil. Essa é uma responsabilidade que a psicologia se recusa a aceitar, tampouco pensa de modo referenciado nos processos de subjetivação brasileiros e latino-americanos. Ao longo da graduação fui aprendendo que a cura não existe, mas as pessoas racializadas, mesmo sem terem a ajuda da psicologia na promoção de sua saúde, se curam e a afirmam a cura. Elas têm outro referencial de saúde. 

Com as benzedeiras aprendi que a cura é uma experiência de saúde perecível e efêmera, que precisa se modificar, assim como nosso corpo. Tenho nomeado minha pesquisa em psicologia de Clínica da Efemeridade, uma clínica que aposta nessa encruzilhada entre arte, psicologia e curandeirismo. E entende que os processos de promoção de saúde são desencadeados não apenas por psicólogas(os), como também por padeiros, primas, e benzedeiras. A prática clínica de promoção de vida não deve entendida como propriedade da psicologia, e a psicologia precisa descolonizar-se para conseguir produzir saúde às pessoas que ela ajudou a subalternizar”.

Abertura

-Exposição O Trauma É Brasileiro, de Castiel Vitorino Brasileiro

De 11 de junho até 24 de agosto de 2019

Local: Galeria Homero Massena - Rua Pedro Palácios, nº 99 - Cidade Alta, Centro de Vitória, Vitória - ES

-Entrada Franca.

 Visitação

De 12 de junho até 24 de agosto de 2019
De segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, sábado, das 13 às 17h.

 Visita de grupos

Mediante agendamento com a equipe da Galeria Homero Massena
(27) 3132 8395 / educativoghm@gmail.com

 Experiências Clínicas

Mediante agendamento com a artista
(27) 99739 5420 / castielvitorinob@gmail.com

 Mesa de Conversa com a artista

02 de julho, às 19h

 Lançamento do Catálogo da Exposição

23 de julho, às 19h

Site e redes sociais
Blog: otraumaebrasileiro.blogspot.com
Instagram: @castielvitorino
Facebook: @psicotendencia


Informações à imprensa:

Assessoria de Comunicação da Secult
Aline Dias/ Danilo Ferraz/ Erika Piskac
(27) 3636-7111/99808-7701/99902-1627
secultjornalismo@gmail.com
comunicacao@secult.es.gov.br
Facebook: secult.espiritosanto
Instagram: secult.es
Twitter: secultes

Notícias

2015 / Desenvolvido pelo PRODEST utilizando o software livre Orchard