27/03/2013 12h41 - Atualizado em 05/01/2017 15h44

Palácio Anchieta recebe a exposição 'Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar'

27/03/2013
A abertura oficial da Exposição 'Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar', realizada na noite dessa terça-feira (26) levou centenas de pessoas ao Palácio Anchieta para homenagear a memória do "Sabiá da Crônica", que completaria 100 anos em janeiro de 2013. Além de conhecer o conteúdo da mostra, o público também assistiu à apresentação da Escola de Samba Unidos de Jucutuquara, agremiação que no Carnaval deste ano homenageou o escritor cachoeirense em seu samba enredo, e participou do lançamento do livro "Ler e escrever Rubem Braga", publicação organizada pelo escritor e professor Francisco Aurélio Ribeiro em parceria com a Secretaria de Estado da Educação (Sedu). 
 
Na ocasião, o governador Renato Casagrande assinou o decreto que institui a Comenda 'Rubem Braga' a ser outogarda anualmente em 05 de novembro, por ocasião do Dia da Cultura Capixaba, para promover o reconhecimento público de ações, história e memória de artistas, profissionais, autoridades e dirigentes que se destacam e contribuem para o desenvolvimento cultural do Espírito Santo.  O título será concedido por meio de medalha acompanhada de diploma. A concessão da Comenda é de competência exclusiva do governador e a indicação dos agraciados é sugestão do secretário de Estado da Cultura. 
 
A exposição é uma realização do Governo do Espírito Santo, por meio da Secult, da Sedu, do Instituto Sincades e do Ministério da Cultura, e mostra a grandiosidade do escritor, considerado por muitos como inventor da crônica moderna não apenas no Brasil, mas no mundo. Nela, os visitantes podem interagir com elementos da vida de Rubem Braga e se familiarizarão com textos, documentos, correspondências, desenhos, pinturas, fotografias, objetos, depoimentos em vídeos e publicações, distribuídos por módulos temáticos que abordam a infância do cronista em Cachoeiro de Itapemirim, o dia a dia em jornais como redator, repórter político e crítico de artes plásticas, sua atuação como correspondente de Guerra na Itália, a paixão por passarinhos e pelas mulheres e sua legendária cobertura em Ipanema. Vídeos com depoimentos de amigos próximos do escritor, como Ziraldo, Zuenir Ventura, Ana Maria Machado, Danuza Leão, Fernanda Montenegro, dentre outros, também fazem parte de 'Rubem Braga - o fazendeiro do ar'.
 
A mostra conta com o delicado trabalho de curadoria de Joaquim Ferreira dos Santos e promove um diálogo entre a vida e a poética de Rubem Braga com a realidade e a tecnologia atuais. A proposta é que o público da exposição, em especial as novas gerações, acessem a obra e a biografia do cronista através de interfaces contemporâneas. A exposição está aberta a visitação pública até o dia 26 de maio, com entrada franca. E depois segue para São Paulo e Rio de Janeiro, e por fim chega a Cachoeiro de Itapemirim, na Casa dos Braga.
O governador Renato Casagrande lembrou que Rubem Braga fez história para além do Brasil. Bem humorado, ele brincou com o conhecido ufanismo cachoeirense. "Cachoeiro de Itapemirim foi a cidade mais apropriada para Rubem Braga nascer. Esta cidade nos presenteou com grandes talentos, e o de Rubem Braga o levou a viver em Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, Bahia, França e Marrocos, o levou a cobrir a Segunda Guerra Mundial, na Itália, mas apesar de ser um cidadão do mundo ele nunca esqueceu sua terra natal e a cantou e imortalizou em suas crônicas".

A militância do "Sabiá da Crônica" como socialista também foi citada pelo governador. Casagrande lembrou que Rubem Braga foi perseguido pelo Estado Novo, e incomodava à ditadura da época com seu talento. "Um artista de talento jamais morre, porque sempre será lembrado. Que possamos construir caminhos para o crescimento por meio do talento, porque podem tirar tudo de um homem, exceto o talento", pontuou Renato Casagrande 

O governador também ressaltou a importância dessa e de outras exposições realizadas no Palácio Anchieta para a cultura capixaba. "Temos uma média de visitação de 500 a mil pessoas por dia quando abrigamos exposições. Considerando que a mostra sobre Rubem Braga ficará aberta por dois meses, teremos atingido uma grande camada da população capixaba e de turistas em visita à nossa Capital que conhecerão mais obre a vida e obra do cronista".
 
O secretário de Cultura, Maurício Silva, disse que a exposição é uma forma do governo Renato Casagrande reconhecer a grandiosidade de Rubem Braga e divulgar suas criações e memória para as novas gerações. "Jornalista que atuou como correspondente na Segunda Guerra Mundial, ele foi embaixador no Marrocos e também teve outras vivências fora do Brasil. Isso possibilitou que o escritor tivesse uma visão ampla da história e do mundo. Mesmo assim, com esse olhar e experiência cosmopolitas, ele não perdeu a singeleza e a sensibilidade do cachoeirense que apreciava cuidar de passarinhos".
 
Em uma fala emocionada, o músico Afonso Abreu, sobrinho de Rubem Braga, lembrou a generosidade do tio, que cuidou dos cinco filhos da irmã, D. Ana Graça, que ficou viúva muito jovem. "Com todas as suas atribuições, ele sempre zelou pela criação de todos nós. Costumo dizer que ele morreu cedo, porque não chegou aos 80 anos de idade, o que foi uma pena", afirmou. 
 
Visitação: até 26 de maio de 2013. Entrada franca.
Ficha Técnica:
Curadoria: Joaquim Ferreira dos Santos
Projeto cenográfico: Felipe Tassara
Concepção e produção: Instituto de Inovação do Estado e da Sociedade
Coordenação e Produção Executiva: Luciana Vellozo Santos e Robson Outeiro, e Empório Empreendimentos Artísticos e Culturais.
 
Sobre Rubem Braga
Um dos filhos mais respeitados das terras capixabas nasceu no dia 12 de janeiro de 1913, em Cachoeiro de Itapemirim, e faleceu no Rio de Janeiro em 19 de dezembro de 1990. Considerado o maior cronista brasileiro desde Machado de Assis, iniciou os estudos naquela cidade, porém, quando fazia o ginásio, revoltou-se com um professor de matemática que o chamou de burro e pediu ao pai para sair da escola. Foi para Niterói estudar no Colégio Salesiano. Iniciou a faculdade de Direito no RJ, e se formou em MG, em 1932, depois de ter participado, como repórter dos Diários Associados, da cobertura da Revolução Constitucionalista, em MG, e no front da Mantiqueira. 
 
Na capital mineira se casou com Zora Seljan Braga em 1936, de quem posteriormente se desquitou, mãe de seu único filho, Roberto Braga. Foi correspondente de guerra do Diário Carioca na Itália, onde escreveu o livro ?Com a FEB na Itália?, em 1945. De volta ao Brasil morou em Recife (PE), Porto Alegre (RS) e São Paulo, antes de se estabelecer definitivamente no Rio de Janeiro, primeiro em uma pensão do Catete, onde foi companheiro de Graciliano Ramos, depois em uma casa no Posto Seis, em Copacabana, e por fim em um apartamento na Rua Barão da Torre, em Ipanema.
 
Sua vida no Brasil, no Estado Novo, não foi mais fácil do que a dos tempos de guerra. Foi preso algumas vezes, e em diversas ocasiões andou se escondendo da repressão.
 
 
Informações à imprensa:
Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo 
Paula Norbim e Paulo Gois 
Texto: Caê Guimarães
Tel.: (27)3636-7111/9902-9302 
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