30/05/2016 07h16 - Atualizado em 05/01/2017 15h32

A diversidade do audiovisual nacional na tela 11ª Mostra Produção Independente

Um panorama da recente safra de filmes de curta duração produzidos no Brasil. Essa é a proposta da Mostra Paralela que integra a programação da 11ª Mostra Produção Independente - Cenários, evento que acontece de 3 a 7 de junho no Cine Metrópolis/Ufes, em Vitória-ES. Com uma seleção de 24 filmes vindos de diferentes estados brasileiros e do Distrito Federal, a Mostra Paralela exibirá um caleidoscópio dos modos de fazer cinema no Brasil com obras nos gêneros ficção, documentário e animação. O evento é gratuito. A foto ao lado é do filme "A arte de andar pelas ruas de Brasilia".

São apoiadores institucionais desse evento a Secretaria de Estado da Cultura do Espírito Santo (Secult), o Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (BANDES), a Link Digital, a Superintendência de Cultura e Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo, por meio de sua Secretaria de Cultura  e do Cineclube Metrópolis.

Segundo o organizador da Mostra Paralela, o diretor e produtor Felipe Bob Redins, a escolha dos curtas teve como critério principal a representatividade do filme para o contexto de cada estado: “além de serem obras consideradas relevantes em suas respectivas cenas artísticas, são filmes que expressam a diversidade cultural brasileira e o olhar autêntico de cada realizador. Certamente, o público capixaba ficará surpreendido com a qualidade e as escolhas narrativas das produções da Mostra Paralela”   

Além da diversidade de gêneros e de propostas estéticas, a Mostra Paralela apresenta o trabalho de realizadores com trajetórias e vivências no cinema igualmente diversas. Vindo do Piauí e lançado neste ano, “Deixa a Chuva Cair” é o primeiro trabalho como diretor do jornalista Juscelino Ribeiro: “entrei de verdade no cinema há pouco tempo, mas já decidi que é algo que quero continuar fazendo sempre. Admiro muito as boas histórias e, principalmente, o uso do cinema como uma forma de contá-las. Acima de tudo, acho que isso me inspirou a embarcar nessa com minha equipe”. (foto: Ribeirinhos do asfalto)

Inspirado na trajetória do rapper piauense Preto Kedé, esse documentário aborda a temática da violência policial na periferia de Teresina. “A proposta foi a de alcançar espaços onde a voz do hip-hop não chega e isso influenciou muito na estética do filme. Procuramos elaborá-la com muitos cuidados técnicos e referências de cinema de ficção. Acho que isso abre portas em espaços onde essas histórias não eram contadas. A história desse filme dialoga com a de outras comunidades do Brasil e até do mundo todo.” conta Juscelino. (Foto: O teto sob nós)

Lançado em 2014, o filme representante do Amazonas é o curta “ASSIM”, de Keila Serruya. Resultado de um projeto que durou cerca de três anos para ser concluído, essa ficção tem como fio condutor o cotidiano de mulheres trans e travestis. “Essas pessoas têm coragem de viver, o mundo é muito violento com elas, mas elas são resistentes, elas querem mesmo é ir e vir sem ser incomodadas pela ignorância alheia. Trago no curta alguns símbolos religiosos, as pessoas distanciam sempre travestis e trans sexuais da participação religiosa, mas elas sempre estão nos lugares de fé e tem esse direito, se assim for de sua vontade”, explica a diretora.

Quanto à recepção de seu filme na 11ª Mostra Produção Independente, Keila diz que o filme instiga e incomoda, por dois: “primeiro ele tem como intérpretes principais uma mulher trans e uma travesti, segundo, ele não tem diálogos, apenas falas, e é lento. Isso é muito diferente dos filmes televisivos e de fácil leitura que a população em geral consome. De qualquer forma, ele é importante pra mim, espero que seja importante e modificador pra alguém da plateia também”. Ainda sobre a Mostra Produção Independente, a diretora diz “são iniciativas que vão aonde o povo está. O povo é o público mais importante. Lembrem-se sempre, filmes são feitos para serem vistos”.

Em sua maioria, as indicações dos filmes para compor a Mostra Paralela foram feita pelas Associações Brasileiras de Documentaristas e Curtas-Metragistas (ABDs) das respectivas unidades da federação. Uma realização da ABD Capixaba, a 11ª Mostra Produção Independente - Cenários também contará com a tradicional Mostra Competitiva de filmes locais cuja seleção também foi recentemente divulgada. (Foto: Mulheres pescadoras)

*Todo o evento é gratuito*

Confira os filmes os filmes que fazem parte da Mostra Paralela da 11ª Mostra Produção Independente - Cenários:

ASSIM, de Keila  Serruya (Ficção / 13’45” / Amazonas / 2014). Sinopse: Coragem. ASSIM, do jeito que quer e do jeito que é, apenas de suas vontades, crenças e  desejo de existir. A ida de uma travesti e uma mulher trans ao supermercado.

Retina, de Paulo Silver (Documentário / 13’26” / Alagoas / 2015). Sinopse: Sobre este filme, meus pais e minha primeira professora sabem mais do que eu.

Mulheres Pescadoras, de Philipe Ribeiro (Documentário / 13’50” / Ceará / 2014). Sinopse: A vivência das mulheres pescadoras das praias do litoral brasileiro e o esforço para se firmarem no universo direcionado para o masculino. Entre a jangada e a praia, elas mostram que são capazes de superar desafios e o preconceito da sociedade, sem perder a essência do feminino.

O Filme de Carlinhos, de Henrique Filho (Ficção / 20’ / Bahia / 2014). Sinopse: Carlinhos, garoto sonhador e apaixonado por cinema, quer fazer um filme de terror na pequena cidade onde mora, Ipiaú, no interior da Bahia. Com ajuda dos seus amigos da escola e estímulo do dono de uma videolocadora, Carlinhos se dedica para realizar seu sonho.

Sêo Inácio (Ou o Cinema do Imaginário), de Helio Ronyvon (Documentário / 13’29” / Rio Grande do Norte / 2014). Sinopse: O que é a memória para alguém que já viveu e já viu muitas vidas nas telas? "Sêo Inácio (ou o cinema do imaginário)" conta um pouco da vida de um cinéfilo que já assistiu a mais de 20 mil filmes e alia sua sabedoria a uma vivacidade intensa.

Para Leopoldina, Diane Velôso e Moema Pascoini (Ficção / 22’58” / Sergipe / 2014). Sinopse: A solidão é o mote central deste filme. Duas personagens, Leopoldina e Lúcia, se encontram em um asilo. Leopoldina é uma senhora cega que vive há anos nesse lugar, Lúcia uma voluntária que lê cartas. A conexão entre elas será estabelecida desde o primeiro encontro.

Muro, de Tião (Ficção / 18’16” / Pernambuco / 2008). Sinopse: Alma no Vácuo, deserto em expansão

Malha, de Paulo Roberto (Documentário / 14’17” / Paraíba / 2013). Sinopse: “E as crenças singulares traduzem essa aproximação violenta de tendências distintas...” “... saem das missas consagradas para as ágapes selvagens...” Euclides da Cunha (Os Sertões). A violenta materialização de um festejo popular, a malhação do Judas, no interior da Paraíba, onde os credos religiosos de um povo servem de pano de fundo para a entrega visceral ao escárnio profano.

Deixa a Chuva Cair, de Juscelino Ribeiro (Documentário / 26’02” / Piauí / 2016). Sinopse: Na última década, um histórico conflito entre gangues tem se agravado, comprometendo seriamente o futuro de uma juventude inteira da região do Promorar, na zona Sul de Teresina. Com o intuito de por um fim à violência entre os jovens, os rappers Preto Kedé, Lu de Santa Cruz e Aliado Negro criaram A Irmandade. Aos poucos, o grupo que sempre cantou sobre o cotidiano das comunidades, passou a abordar também questões como proximidade com o crime, expansão das drogas e preconceito com os moradores das periferias, além de denunciar casos de racismo e truculência por parte de policiais militares. Em uma manhã de agosto, uma canção de desabafo cheia de ira caiu como uma bomba nas mãos da mídia, da polícia e  principalmente  dos próprios músicos.

Vela ao crucificado, de Frederico Machado (Ficção / 12’33” / Maranhão / 2009). Sinopse:  o velório de uma criança carente revela a dor, indignação e força de um pai e uma mãe, envolvidos em miséria. Adaptação do conto homônimo de Ubiratan Teixeira.

A Rosa, de Dominique Allan (Ficção / 27’39” / Amapá / 2011). Sinopse: O roteiro dessa produção amapaense enfoca uma noite na vida de um adolescente portador de surdez. Carlos se depara com a dificuldade em se comunicar e convive com o isolamento durante uma reunião com outros jovens. O curta-metragem pretende destacar a prática do bullying e a discriminação, marcando com esses enfoques a dinâmica da trama, que de acordo com o argumento, busca sensibilizar os espectadores para os dilemas que vivem as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, necessidade ou atenção especial.

Ribeirinho do Asfalto, de Jorane de Castro (Ficção / 26’25” / Pará / 2011). Sinopse: Deisy mora na Ilha do Combu, do outro lado do rio, na frente de Belém. Ela gostaria de morar na cidade cheia de luzes que ela vê de noite na sua casa, no meio da mata. Com a ajuda se sua mãe, ela vai tentar realizar este sonho.

[r]Existo!, de Joesér Alvarez (Documentário / 14’55” / Rondônia / 2015). Sinopse: Um registro artístico e documental de um projeto de artes visuais multimedia de baixa tecnologia, baseado em imagens fotográficas da última grande inundação do Rio Madeira no Sul da Amazônia.

Serenkato - O Canto da Floresta, de Jonathas Bernard (Documentário / 15’26” / Roraima / 2014). Sinopse: Na comunidade de Campo Alegre, Roraima, região norte da Amazônia brasileira, o filme Serenkato revela a paixão da etnia macuxi pela música indígena que há tempos é inspirada nos seus mitos e na natureza para criar uma arte que encontra na voz das crianças e jovens a sua mais sublime expressão.

Awara Nane Putane - Uma história do cipó, de Sérgio Carvalho (Animação / 22’22” / Acre / 2013) . Sinopse: Um curta-metragem em animação que conta o mito de origem do uso tradicional da ayahuasca e da cultura yawanawa, povo indígena do tronco Pano que vive no coração da floresta amazônica, nas margens do Rio Gregório, no Estado do Acre.

Ouça-me, de André Araújo e Roberto Giovannetti (Ficção / 36’45” / Tocantins / 2015). Sinopse: Narra a história de Roberto, um motorista de ônibus perto de enfrentar uma dramática transformação em sua vida onde, com a ajuda de sua família, irá buscar nos sons perdidos da sua história um novo sentido para a vida.

A arte de andar pelas ruas de Brasília, de Rafaela Camelo (Ficção / 17’47” / Distrito Federal / 2011). Sinopse: Duas garotas se encontram pela cidade.

Viagem na Chuva, de Wesley Rodrigues (Animação / 12’55” / Goiás / 2014). Sinopse: A chuva assim como o circo, percorre um longo caminho até seu lugar de destino. Quando se vão, ficam as lembranças.

S2, de Bruni Bini (Ficção / 20’12” / Mato Grosso / 2015). Sinopse: Murilo precisa de uma ideia para um novo roteiro. Marina está sem assistência. Renato tem novas experiências. E Débora não sabe explicar. Um filme sobre amor, sexo e internet. E ninjas.

Cortes, de Roberto Ferreira Leite (Ficção / 15’29” / Mato Grosso do Sul / 2015). Sinopse: “Cortes” conta a história de Jade (Camila Schneider), uma jovem disposta a acabar com a dor da depressão que a persegue desde criança. A doença é agravada após a perda do marido, Luis (Vinicius Olivo), momento no qual Jade inicia seu processo de despedida, gravando um vídeo que tenta explicar a decisão de se suicidar. Leo (Filipi Silveira), seu amigo de infância, percebendo a gravidade do problema, tenta mostrar a ela que a vida é feita de novas fases, cortes e cicatrizes.

Pouco mais de um mês, de André Novais Oliveira (Ficção / 22’ / Minas Gerais / 2013). Sinopse: No começo é assim mesmo.

Passion à la vie, de Sérgio Santeiro (Ficção / 3’07” / Rio de Janeiro / 2008). Sinopse: Um homem e uma mulher, eterno enigma, passarela sôbre o mar do Rio, improviso a 20 de dezembro de 2008.

O Teto sobre nós, de Bruno Carboni (Ficção / 22’ / Rio Grande do Sul / 2015). Sinopse: Ocupantes de um prédio abandonado recebem um aviso que eles podem ser despejados a qualquer momento. Enquanto Anna tenta lidar com a notícia, ela se depara com um misterioso homem deitado em sua cama.

Jardim Tókio, de Rodrigo Grota (Ficção / 15’ / Paraná / 2014). Sinopse: Yuki, uma jovem que acaba de voltar do Japão, se divide entre sua família, os estudos e a vida noturna.

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