12/03/2019 10h21 - Atualizado em 13/03/2019 13h13

Um olhar sobre Muqui

Os Sítios Históricos do nosso Estado são pura beleza. Através da ótica da nossa arquiteta da Secult Eliane Lordello, descobrimos novas histórias e curiosidades. No texto abaixo, conheça um pouco mais sobre Muqui, uma simpática região localizada no sul do Estado.

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Um olhar sobre Muqui


   

Uma rua margeando a estrada de ferro, uma série de árvores podadas em topiária. De um lado e outro dela, casarões charmosos, varandas, alpendres, janelas, óculos, básculas – aberturas a olhar para a via férrea, para ver e ser visto. Eis Muqui!

Comece o seu passeio pelo sítio histórico dessa cidade do sul cafeeiro caminhando pelas calçadas que margeiam os trilhos, e aprecie os casarões que aí se conservam habitados e vivos. Todos eles, reflexos do auge da economia cafeeira e ferroviária.

 

Adentrando um pouco mais o centro da cidade, chega-se a um amplo e muito vegetado espaço público de lazer – o Jardim Municipal. Deixe-se ficar aí, sob as árvores, e veja como os muquienses sabem apreciar e usufruir dos espaços públicos de sua bela cidade.

Estando no jardim, contemple os belos casarões que refletem influências do Ecletismo em arquitetura, cujos traços e materiais o Brasil veio a conhecer com a imigração europeia do segundo meado do século XIX, justamente com o suporte da economia cafeeira. Boa parte desses imóveis foi restaurada com apoio dos editais de cultura da SECULT, como as duas casas abaixo ilustradas, que ficam de um lado e outro do jardim.

Do Jardim Municipal, rume para a praça do bairro Boa Esperança. Neste trecho, você vai divisar um monumento natural da cidade – a Pedra do Dragão, um penedo cuja mancha lembra a forma do animal mitológico, sobretudo no final da tarde, quando o sol banha de luz a pedra.

Nesta toada, você vai passar pelo Parque das Lavadeiras Dona Minervina. Construído por iniciativa de Dirceu Cardoso, que foi prefeito da cidade em duas gestões, o parque visava facilitar o trabalho doméstico.  Bem conservado, o Parque das Lavadeiras ainda hoje persiste em Muqui, como uma curiosidade que vale a pena ser conhecida.

Mais adiante, você chegará à Praça da Boa Esperança, também ela adornada por belos imóveis, como este pequeno chalé.

Aqui vale lembrar que a tipologia chalé foi introduzida no Brasil graças à importação de novas técnicas e materiais, facilitada pelas novas linhas de navegação e instalação das ferrovias, durante a segunda metade do século XIX. Cabe ressaltar aqui que o primeiro surto de desenvolvimento de Muqui deveu-se à fecundidade, em suas terras, da economia cafeeira.

A partir da década de 1950, Muqui iniciou um novo surto desenvolvimentista. Nesse período, graças à ligação ferroviária com o Rio de Janeiro, então capital do País, Muqui manteve relações comerciais com essa cidade. Cumpre notar que a presença carioca se faz sentir até na azulejaria encontrada na cidade.

Como no Rio prosperavam as iniciativas dos arquitetos modernistas, nessa época os traços modernos da arquitetura carioca difundiram-se também para Muqui, que até hoje preserva exemplares dessa vertente arquitetônica.

No patrimônio construído, importa lembrar também que a cidade de Muqui possui um teatro, o Neném Paiva, e uma Escola de Música. Ambos foram restaurados com o apoio dos editais de Patrimônio Arquitetônico da SECULT e estão em pleno funcionamento.

Reconhecendo o rico acervo arquitetônico de Muqui e a sua paisagem circundante, o município teve seu sítio histórico tombado em 2012, por meio da Resolução CEC Nº 002/2012, que atingiu cerca de 700 imóveis. Atualmente a cidade, regida por essa resolução, mantém harmoniosas relações espaciais do traçado e do conjunto arquitetônico com os morros envolventes, valendo a sua visita!

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Eliane Lordello é arquiteta e urbanista, mestre em arquitetura e doutora em desenvolvimento urbano na área de conservação integrada do patrimônio histórico. Ela também é a responsável pelo acompanhamento das ações nos sítios históricos e vai escrever textos sobre os nossos outros sítios: São Pedro do Itabapoana, Santa Leopoldina e São Mateus.

 

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